quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SEVILHA








Sevilha à beira do rio Guadalquivir, de férteis e ricas terras, história de diversas civilizações, batizada de Hispalis, pelo primeiro povoamento importante da região que data da época romana e mais tarde com a dominação muçulmana, chamou-se Ishbiliya que deu origem ao atual e sonoro: Sevilha. Hoje a mais importante cidade da Andaluzia, cuja palavra também do árabe Al-Andalus usada para se referir a península independente dos territórios controlados politicamente pelas forças islâmicas.
Chegamos ao anoitecer e nos perdemos no bairro antigo bairro judeu de Santa Cruz, com suas ruas estreitas e tortuosas e o trânsito caótico. Mais uma razão para o seguro automóvel, todos os carros de Sevilha são batidos, arranhados e faltando pedaços. A cidade é enorme , a quarta maior do país, por isso , um lado negativo e inevitável: a comercialização.Cuidado com os restaurantes turísticos, os bolsos e as carteiras.
Por outro lado, os sevilhanos são simpáticos e cordiais ao extremo. Um rapaz nos conduziu com sua vespa pela avenida Torneo de onde se avista ao longe e iluminada, a Puente Del Alamillo , do arquiteto Santiago Calatrava, até a alameda Hércules, com suas colunas em homenagem ao lendário fundador da cidade , cujo número 20 ficava nosso Hotel : Sacristia de Santa Ana. Um hotel moderno, confortável, com construção típica e fonte no centro, com estacionamento à quatro quadras na Plaza Concordia no subsolo do El Corte Inglés.
Indicado no hotel e próximo, fomos jantar na Casa Manolo Leon, na calle Guadalquivir 12, um restaurante clássico e sofisticado , numa residência sevilhana do século XIX, com jardins e fontes. O cárdapio mediterrâneo contemporâneo, excelente, regado por um bom vinho da região Montilla-Moriles . Por indicação do dono , o próprio Manolo, aproveitamos o resto da noite nos bares da calle Hombre de Piedra, junto a alameda Hércules, que é cercada de bares.
No outro dia, começamos a explorar a cidade pela calle Trajano, passamos pelo Museo de Belas Artes que é gratuito aos domingos. Da Plaza Nueva fomos para La Giralda, a torre da catedral gótica, relíquia da dinastia almôada, era um minarete da Aljama , a mesquita em que a Catedral foi erguida , onde vale a pena conhecer: o Pátio de los Naranjos, a Capilla Mayor e o túmulo de Colombo de 1890.
Atravessamos a Plaza Del Triunfo e fomos ao Real Alcázar, um conjunto de palácios reais cuja construção iniciou-se em 1364, com uma mistura grandiosa da arquitetura mudéjar em planejados e belos jardins com fontes , espelhos d’água e pavões ao léu. Destaques para os Aposentos de Carlos V, o Pátio de las Doncellas e o Salão dos Embajadores. Terminamos a manhã cansados de tanta maravilha e arquitetura mudéjar na Casa Pilatos, construída por Tarifa nos séculos XV e XVI e erroneamente considerada como cópia da vila em Jerusalém, daquele que leva seu nome.
À tarde fomos ao bairro El Arenal, na Plaza de Toros de La Maestranza do século XVIII, a mais antiga do país, com fachada barroca em ocre e branco e uma arena de doer os olhos. Lembrei-me da antológica cena do filme do Almodovar : Fale com Ela, com a Elis canta cantando a devoção da mulher ao bem amado na melodia Por toda a minha vida do Tom, metáfora da sedução carnal da Tauromaquia. Há um interessante museu com visitas guiadas para mostrar a história das touradas, dos toureiros mais famosos e uma graciosa capela, ainda usada pelos mesmos.
Caminhamos pelo Paseo Colon, na esplanada arborizada à beira-rio, passamos pela Torre de Oro, Hospital de la Caridad, com obras de Murillo e Váldes Leal, Pálacio San Telmo, Teatro Lope de Vega e ficamos sentados à fonte da belíssima Plaza España, contruída em estilo teatral por Anibal Gonzales decorada com cenas regionais em azulejos e cerâmicas.
Do parque Maria Luisa, onde se localiza a Plaza España, atravessamos a avenida Del Cid, caminhamos pelos Jardines de Murillo até o bairro de Santa Cruz, onde fomos surpreendidos por uma procissão em homenagem a Santa Tereza de Jesus, ornada com pratas, flores e palmas brancas e uma névoa de incenso e mirra , seguidas por uma banda de trompetes e peregrinos cantando hinos em seu louvor.
Na La Carboneria, bar informal, apreciamos o Flamenco, em seu melhor estilo:música e dança com artistas, a maioria amadores de alta qualidade e matamos a sede com Sangria. Recordei-me dos filmes do Saura, Antônio Gades e Paco de Lucia. Outra dica fora do circuito é La Anselma, do outro lado do rio, no bairro de Triana.
Jantamos num rodízio de Tapas na rua Trajano esquina com a San Miguel, em que as mesmas são contadas pelo número de palitos que sobram no prato. Um excelente bar, com comida de qualidade, generosas porções e sobremesas inesquecíveis como a torta de queso.
Sevilha é uma grande cidade, um cenário atrás do outro, certamente há muito mais a conhecer desta que é famosa pelo espírito de celebração e vitalidade e cuja noite de  possibilidades infinitas.


Fotos:Fabricio Matheus e Conor O'Byrne

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