segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

POESIA POESIAS


“A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa.”

“Eu me fui, eu me sou, eu me serei em cada um dos girassóis do reino a ser feito. E as coisas terão que ser claras. Releio o que escrevi neste caderno, desde janeiro, revejo o que vivi. Tudo me conduziu para este here and now. Tudo terá que ser claro. How can I tell you?”CaioF.Abreu

Hoje, segunda-feira, passei a tarde com um amigo. Fazia tempo que não nos víamos e já faz um tempo que nós conhecemos. Conhecemos numa terapia de grupo onde num esforço, escancarávamos nossa dor e nosso pranto nos ombros de iguais. Assim nosso encontro foi sem máscaras, mas com as feridas das dores à mostra. Ao contarmos nossas dores, amores , fraquezas, rancores, dissabores... íamos aos poucos esvaziando do peito e da alma uma dor comum. Terapia. Contar, escutar , compartilhar...
Enfim, quase todos do grupo; tornamos uma família de amigos , na qual temos a liberdade de contarmos nossas infelicidades, nossos desejos e revelar sem medo nossos segredos secretos , aqueles que escondemos até do terapeuta. Passamos às vezes um tempo sem nos encontrarmos, mas quando nos revemos há um quê de alegria e felicidade entre iguais, quase infantil, um sentimento de ser feliz sem culpa.
Chovia muito, e os jardins tornou-se os rios que se encontravam nos cruzamentos formando mares d’água intransponíveis, intransitáveis como acontece quando chove muito em São Paulo.
Almoçamos juntos, atualizamos nossas vidas, o suficiente para acender a emoção. De guarda-chuvas à punho fomos ao Cine-Sesc Augusta, onde além da exposição de Mario Tursi “Outro olhar do cinema italiano” com fotos dos filmes principalmente de Visconti, assistimos o filme POESIA do coreano Lee Chang-Dong.
Um filme-poema , simples , sensível, apesar de um pouco longo. Um filme que começa com um rio que corre como a vida com o tempo. Começa destoando da beleza da arte escrita em verso, com um corpo de um cadáver juvenil boiando neste rio que abre e fecha o filme.
A protagonista, Mija, uma senhora de sessenta e seis anos que com uma dor no braço, descobre ao acaso o ínicio do Mal de Alzheimer . E que ao mesmo tempo que a adolescente que se suicidou, essa tragédia da perda da vida na aurora dos anos , têm ligação com o neto que ela sustenta e cria cuidando de um idoso para complementar a parca renda.
A partir do sofrimento, esta sexagenária solitária e questionadora se matricula em um curso de poesia. Desafiada pela vida, sua busca pela inspiração poética a faz nascer novamente, observando a natureza, como uma criança , redescobrindo o mundo numa metamorfose espiritual.Mija também cativa por seu amor- próprio, é simples, mas está sempre elegante, bem vestida.
A história é fragmentada, mas aos poucos ,o sentido se faz na sua totalidade como a própria vida. O diretor filma com simplicidade, trabalhando com essa tensão aguda entre um realidade bruta e a tentativa de sublimá-la através da arte. O cinema é assim. A poesia, claro , também o é. A arte não visa afastar o artista ou o espectador da realidade. Pelo contrário permite uma imersão mais completa nesse real, que de outra maneira seria inatingível.É o que descobrirá Mija quando puder concluir seu poema. Como ensina seu professor, a poesia deve vir do coração, do fundo. E no fundo, é mais que isso. É pela própria imersão na dor do mundo, até então ignorada, que a senhora Mija vai adquirir uma visão mais profunda de tudo aquilo que lhe esta acontecendo. A poesia ajudará a dar forma a essa sensação talvez insuportável.Poesia se faz entre palavras e silêncios.* Saí doído. Ainda chovia e estava com o meu amigo para trocar olhares, silêncios e palavras...
Meu amigo se foi porque têm outros caminhos .E eu me fui porque tenho outros caminhos.Desci sozinho o rio Augusta , caminhando com o guarda-chuva preto com um céu azul com nuvens por dentro, mas o mundo não era o mesmo de antes . Era como dizia Heráclito, como se eu mesmo tivesse atravessado o rio do filme, e do outro lado vislumbrasse outro mundo, outro eu.
Na esquina da Rebouças com a Oscar Freire, de longe um mar de carros com os pára-brisas em movimento parecia uma dança ensaiada, uma poesia no caos molhado da metrópole, que me fez sorrir como uma criança ou como a senhora Mija.(Não é trocadilho, nem piada!mas gostei do som...)
Já em casa e seco, o café e o croissant tinha um outro gosto, não de poesia , mas o de se surpreender com o nada , com o simples , e essa surpresa já ser o bastante para a alma. Bastar-se de si e do cotidiano nas entrelinhas das pequenas coisas.Viver. Confesso que foi uma tarde chuvosa em que atravessei rios, me molhei da chuva e vivi como se o tempo se estendesse num simples encontro , no estar no presente e no momento e ponto.
Na noite anterior assisti Lixo e Purpurina no Sesc –Pompéia , texto de Caio Fernando Abreu, sobre exílio, amor, solidão,dor, desejo, vida...Como Caio escreve bem,e descreve bem os sentimentos com uma naturalidade e poesia. E uma clareza de transformar lixo em purpurina. O seu pensamento brilha na direção de Chico Ribas,responsável pela trilha musical sensacional, de uma sensibilidade irmã de Caio e de fazer chorar. Dramaturgia de Kiko Rieser, iluminação de Roberto Bueno Mendes e interpretação de Davi Kinski.O espetáculo é dedicado à memória do teatral Alberto Guzik.Poesias...

“A lua já se foi. As plêiades como dizia Safo, já foram se deitar. E eu vim-me embora, meu Deus, eu vim-me embora...”Caio F.Abreu.

Arte:Fabricio Matheus

*Trecho transcrito da crítica de Luiz Zanin Oricchio publicada no Caderno 2 do Estado de São Paulo na sexta 25 de fevereiro.Não poderia escrever melhor!!!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O PROCESSO



"Justiça é consciência, não uma consciência pessoal mas a consciência de toda a humanidade. Aqueles que reconhecem claramente a voz de suas próprias consciências normalmente reconhecem também a voz da justiça."Alexander Solzhenitsyn


Dia 9 de fevereiro foi a primeira audiência do meu processo trabalhista no Tribunal do Trabalho em Mogi das Cruzes.
Comecei a trabalhar em Mogi em 1998, por indicação de amigos de turma que ali montaram seus consultórios. Comecei na época na empresa que se denominava Cedigo, substituindo uma colega estava de férias no Japão. Neste período ia quase todos os dias. Não tinha carro, e acordava às 5 da manhã para estar lá antes das o horas, às vezes, deixava a cidade por volta das 20 horas.
Com a volta de minha colega, passei a ter um horário definido na clínica, e logo me quiseram como sócio. Meu contador analisou o contrato de sociedade e estava todo errado, além de não querer deixar São Paulo, assim continuei duas vezes por semana. Comecei em março de 98, em agosto do mesmo ano já tinha meu carro e ia duas vezes por semana.
Alguns períodos, tivemos nosso salário atrasado, mas nunca deixamos de ser pagos. A clínica Cedigo fechou, os donos continuaram o mesmo. Mudou-se o endereço e nome para a praça Norival Tavares, agora Instituto da Mulher da Mogi Imagem. Mesmo a Cedigo sempre esteve ligada a Mogi Imagem.
A supervisão do Instituto do Mulher continuou com o mesmo dono, sendo o responsável principal o Dr.Benedito Cunha. Ficamos um período de tranqüilidade e felicidade neste endereço, sem problemas de salário e com uma equipe que em conjunto trabalhava com alegria.
Nunca neguei que trabalhava em Mogi pelo dinheiro, mas tinha algo lá , que me fazia sentir mais médico. Eu realizava exames mais específicos, e toda semana , pelo menos um caso de um paciente que estava há meses em agonia era por mim resolvido. Isso, dava-me uma satisfação profissional que aliada ao salário me fazia sentir bem no lugar. O respeito e interação com todos os outros profissionais também sempre de maneira ética e cordial, fizeram deste período um cotidiano tranqüilo.
Aproximadamente em 2006, resolveram fechar esta filial, e concentrar os serviços nas clínicas situadas no centro, na Tenente Manoel e na Campus Salles. De uma forma geral tirando, o desconforto do local , o serviço funcionou sem muitas alterações. Nesta mesma época começaram a ocorrer alguns atrasos no salário.
O setor de ultra-sonografia ficou localizado somente na Campus Sales e outros sócios vieram a fazer parte da diretoria clínica do empreendimento. O negócio é complexo, Mogi Imagem, é um apelido para uma associação de empresas, um Nick name que não têm valor jurídico, ou seja, são as empresas que respondem pelo nome.
Neste período, quiseram reduzir meu salário, como fazia somente exames mais específicos e me deslocava de São Paulo, era natural que ganhasse mais. E fazendo um ultra-som obstétrico do futuro neto do Dr.Benedito , cujo pai era advogado, e brincando me disse que se errasse o sexo do bebê iria me processar, foi que comecei a selar pelos meus direitos.
Indicado por um amigo do teatro, também advogado, procurei o escritório de advogacia Cornacchioni. Passando assim a ser orientado pelo Dr. Heitor. Mas o que aconteceu foi somente piorando, passaram a não pagar nossos honorários. E trabalhava nesta época de segunda de manhã e terça o dia todo. Fazia duas salas, às vezes , cerca de cem exames por dia.Quando faltava um médico , além de minha agenda , conseguia fazer a do colega. Como disse , os atrasos foram ficando constantes. E trabalhar demasiado, sem nada receber, não há pessoa que consiga. Assim sendo no final de outubro e novembro de 2008, comecei avisando que se não recebesse parte do que estavam me devendo, não iria continuar. Os responsáveis continuavam a ser o Dr.Benedito, agora junto com o Dr. Gustavo o o Dr. Luiz. Coincidências , ou não, nunca os achava na clínica nos meus dias de serviço. Meu último dia foi no dia 25 de novembro, estavam me devendo mais de 6 meses de trabalho. Não me pagaram, e fiquei sabendo por colegas, que pagaram alguns médicos.
Não abriram mais a minha agenda. Depois de telegramas orientados por meu advogado, recebi um telefonema informando que me pagariam o devido em 4 meses à partir do dia 05 de janeiro de 2009. O que não aconteceu. Disseram que pagariam em duas vezes à partir de março e também não se cumpriu. Com um telefonema do meu advogado, o Dr. Luiz assinou um termo de compromisso de dívida e que pagaria em 6 vezes, o que também não aconteceu.
ODr. Benedito sempre foi um homem justo, sei que lhe doía o processo de transformação que se iniciou com os novos sócios, o que lhe provocou um infarto fulminante.
Meu advogado entrou com duas petições, a primeira referente aos honorários não pagos, que pelo primeiro juiz, considerou o caso como da vara civil, por se tratar de dívidas entre empresas., este ainda está em processo de julgamento. O outro, foi referente aos dez anos de serviços prestados à clinica, com horário fixo, duas vezes por semana, sem nenhuma falta, sem férias , décimo terceiro e demais tributos que nunca tive direito, pois hoje se um médico , quiser trabalhar precisa ter sua própria empresa, fornecer notas, ou nenhum emprego o aceita, ou emprega como empregador, exceto , os serviços públicos, que pagam cada vez menos.
Depois de dez anos de serviços prestados com ética de devoção, fui dispensado sem nenhuma palavra, sem nada, como se tivesse não existido.
A primeira audiência no dia nove de fevereiro, pareceu-me a meu favor. Os advogados das três empresas que formam o complexo cujo nome É Mogi Imagem, apesar da arrogância , pareciam peixes fora d’água, pareciam desconhecer o assunto.Não levaram testemunhas, e a única pessoa que testemunhou entrou na empresa no ano de 2009, jamais tinha me visto e confirmou tudo o que estava nas laudas. O juiz não chamou minhas testemunhas que eram três,três pessoas que trabalhavam comigo e forma por respeito e admiração ao que mostrei neste dez anos de trabalho na cidade. O juiz também não adiou a sessão, cujo adiamento foi veementemente pleiteado pelos advogados da clínica.
O caso será julgado no dia 03 de março , independente do resultado, sinto um alívio. Lutei e luto pela justiça e contra a injustiça a mim cometida deslavadamente, desmedidamente por colegas de profissão.Alguns colegas da clínica, aliás, muitos , ficaram sem receber e como trabalham e moram na mesma cidade deixaram a coisa por estar.Fui o único médico que lutou por seu direito.Foi uma luta kafkaniana, interior e exterior, uma luta resumida num resgaste do amor próprio, contra a servidão humilhante e sem voz.
Certamente o processo, como todos os outros, levará tempo;será longo. Mas espero que cedo ou tarde, a justiça se faça. Que a mesma raie com sua venda e sua balança, e realmente penda para o lado justo e ético.

Arte:Fabricio Matheus
Foto: Conor O’Byrne
Ilustrações:Honoré Daumier

O ATOR by Plínio Marcos



Há um livro sobre Teatro de Gianni Ratto, grande diretor , ator e cenógrafo. Ratto chegou ao Brasil pelas mãos da atriz Maria Della Costa. O livro chama-se HIPOCRITANDO- fragmentos e páginas soltas e começa com um agradecimento ao amigo Plínio Marcos, ator e dramaturgo. Plínio escreve a introdução na qual ressalta o Ator como elemento fundamental da arte cênica. Esta introdução que aqui escrevo ; sempre que a leio, lembro-me de Raul Cortez, que foi um dos maiores atores brasileiros, que fez da sua vida e da arte uma coisa só. Raul era sem escrúpulos e múltiplo, por isso verdadeiro e presente, amado e odiado. Uma das primeiras peças que assisti foi com Raul, Amadeus, ele fazia Salieri e foi no Teatro Maria Della Costa, ainda me lembro perfeitamente de suas entonações, das mãos, olhares, gestos... seguiu-se muitas passando pela poesia de AH!Merica, Lorca, Fernando Pessoa até o misto “A meia-noite um solo de sax na minha cabeça” de Bortolotto no teatro FAAP.

O ATOR

Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor já vivido.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingí-lo no pequeno porém macio núcleo da sua sensibilidade. E por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de auto-destruição a que por desencanto ou medo se sujeita.E por aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.
O ator tem esse dom.Ele tem o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. O ator, não o autor ou o diretor, tem esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator. O público vai ao teatro por causa dele. O autor e o diretor só são bons na medida em que dão margem a grandes interpretações.
Mas o ator deve se conscientizar de que é um cristo da humanidade;seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva.Ele tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios.
É preciso coragem, muita humildade e, sobretudo, um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor de seus personagens, com a única intenção de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidades padronizados, como pretendem os hipócritas, com seus hipócritas códigos de ética.
Amo o ator nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajor solitário, sem AA bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente procurando, no seu mais secreto íntimo, afinidades com as distorções de caráter de seu personagem.
Amo o ator mais ainda quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, oferecendo seu corpo, sua voz, sua alma e sua sensibilidade para expor, sem nenhuma reserva, toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado.
Amo o ator por se emprestar inteiro para expor os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que o público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor, a ser construído pela harmonia e pelo amor.
Amo o ator consciente de que a recompensa possível não é o dinheiro, nem o aplauso, mas a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Amo o ator consciente de que, no palco, cada palavra e cada gesto são efêmeros, pois nada registra nem documenta sua grandeza.
Amo o ator e por ele amo o teatro.Sei que é por ele que o teatro é eterno e jamais será superado por qualquer arte que se valha da técnica mecânica.

Arte:Fabricio Matheus

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TENNESSEE AGAIN


“Nem mesmo a chuva tem mãos tão delicadas...”E.E.Cummings

Esta tarde fui ao Museu Lasar Segall, na biblioteca, consultar umas peças e aproveitei para reler “A Margem da vida” com tradução do Flávio Rangel. A peça está datilografada, era de Beatriz Segall, que fez o papel de Amanda; e está cheio de suas rubricas. Há uma memória nas páginas consultadas. Aqueles papéis datilografados participaram dos ensaios, esteve no camarim da atriz, foi lido e relido. Transcrevo o ínicio e o fim da peça, que sempre me serve de estudo. A narração de Tom é carregada de vida, sentimento e poesia.
“...Eu sou cheio de truques e tenho muitos artifícios. Mas sou o oposto de um mágico. Um mágico oferece ilusão com aparência de verdade. Eu lhes dou “a nudez crua da verdade-- sob o manto diáfano da fantasia”.
Eu posso fazer o tempo regredir.Até aquele período difícil...
A peça é memória.
E sendo assim, sua iluminação é suave, sentimental, e não realista. Na memória, tudo parece ser regido pela música;isso explica os violinos ao fundo.
Eu sou o narrador da peça e um de seus personagens. Os outros personagens são minha mãe Amanda, minha irmã Laura e um visitante que aparecerá nas cenas finais.
Ele é o personagem mais realista, pois é o emissário de um mundo do qual nós fomos postos à margem. Mas como todo poeta, eu tenho uma fraqueza por símbolos, assim, mostro esse personagem também como um;como se ele fosse aquilo que sempre esperamos e algo que custa tanto a chegar; como se fosse aquilo porque vivemos.
Há um quinto personagem , que só aparece através de uma fotografia;uma fotografia maior que a realidade. É nosso pai; que nós abandonou há muito tempo. Era um telefonista que se apaixonou pela vida interurbana. Abandonou o emprego e sumiu da cidade como um raio de luz. A última noticia que tivemos dele foram duas palavras num cartão de uma cidade qualquer do México: Oi! Adeus!. Nenhum endereço.
Acho que o resto da peça se explica por ela mesma....
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- Não fui para a Lua... fui para muito mais longe, já que nada separa tanto dois lugares como o tempo. Pouco depois, fui despedido porque estava escrevendo um poema numa caixa de sapatos. Deixei a cidade. Desci os degraus da escada de incêndio pela última vez e a partir daí segui os passos de meu pai, tentando achar no movimento o que estava perdido no espaço.
Viajei muito. As cidades voavam à minha volta como folhas mortas, folhas brilhantemente coloridas mas sem raízes. Eu quis penar , mas era empurrado por alguma coisa. Alguma coisa que me surgia de repente e me pegava de surpresa.Às vezes um trecho de uma música conhecida, às vezes apenas um pedaço de vidro transparente. Às vezes caminhando sozinho numa rua escura, numa cidade estranha, antes de achar companhia. Passo por uma vitrine alegre de uma perfumaria, iluminada com vidrinhos coloridos, como fragmentos de uma arco-íris destruído. E de repente minha irmã me toca o ombro.
Eu me volto e olho aqueles olhos...Oh!Laura, Laura, tentei esquecer você, mas sou mais fiel do que pensava!
Procuro um cigarro, atravesso a rua, entro num cinema ou num bar. Bebo qualquer coisa, converso com a pessoa mais próxima....qualquer coisa que me consiga apagar as suas velas...por que o mundo de hoje é iluminado pelo relâmpago!
Apague suas velas, Laura...e adeus....”


Arte:Fabrício Matheus

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

BROTAS



"Um pouco de aventura liberta a alma cativa do algoz cotidiano"Clarice Lispector

"O amor vive de repetição. Cada um de nós tem, na existência, no mínimo uma grande aventura. O segredo da vida é reeditar essa aventura sempre que seja possível."Oscar Wilde


Brotas , talvez seja mais conhecida nacionalmente por ser a cidade natal do cantor neo-sertanejo Daniel. Mas é internacionalmente conhecida por ter se especializado no turismo de aventura, principalmente o rafting aproveitando o potencial do rio Jacaré Pepira e rio do Lobo e da geografia com elevados acidentes e canyons da região, que inclui o bairro do Patrimônio de São Sebastião e a cidade de Torrinha.
Brotas está a 242 Km de São Paulo, de fácil acesso, próxima de Limeira e Rio Claro. Teve grande desenvolvimento nos anos 20 e 30 com o cultivo do café. Hoje as antigas fazendas cafeeiras estão cercadas pelo plantio da cana-de-açucar e laranjais.
O nome Brotas que pensava ser derivado das nascentes de água; a região possui cerca de 33 cachoeiras. Mas,  vêm das origens portuguesas da fundadora da cidade, Dona Francisca Ribeiro dos Reis, católica e devota de Nossa Senhora das Brotas, a quem homenageou dando o nome a cidade, e cuja imagem do século XIX encontra-se na capela de Santa Cruz.
A cidade é calma, o turismo de aventura a povoa de jovens e estrangeiros em busca do tempo perdido e do contato com a natureza. Assim há ótimas opções de gastronomia e acomodações. Fiquei no excelente Miraguá Refúgios Pousadas que fica no centro , mas parece um outro lugar, parece distante e bucólico.
As opções das aventuras são inúmeras e fica-se meio perdido para escolher e tentar fazer o melhor para aproveitar todo o final de semana.Quando reservei a pousada, que como já escrevi foi uma grande surpresa, a recepcionista orientou-me a fazer as escolhas quando chegasse na cidade.
Na avenida Mário Pinotti se concentra a maioria das agências de turismo. Orientados pela pousada e já tendo pesquisado pela net , fomos a Alaya . Os passeios variam de 15 a 125 reais cada. As opções vão do arvorismo, mini-rafting, rafting, longas tirolesas denominadas vôo do falcão, rapel em cachoeiras ou canionismo, caminhadas e etc.... com programação para todas as idades.
O atendimento na sede da agência deixou a desejar, no quesito informações e precisão na ajuda da escolha dos pacotes. Alguns passeios como o rafting sai da própria agência, outros da base da operadora que fica à 45 minutos do centro da cidade. Escolhi os mais emocionantes e tentando adequar os horários com o tempo.
Começamos pelo rafting, marcado para às 14:00 , para instruções . As instruções começaram com cerca de 30 a 40 minutos de atrasos, depois de formadas as equipes, embarcamos num ônibus e em meia-hora estamos na base , onde além de alongamento, fazemos um treinamento no lago. Os que ficam na frente do barco, precisam ter mais força, molham-se mais , mais é muito mais emocionante. Nosso barco tinha um grupo de jovens de americana. Uma outra opção com mais aventura para se descer a cachoeiras é o KR-9, um pequeno barco para no máximo 4 pessoas, e o rafting noturno no período de lua cheia. O percurso de aventura pelas corredeiras dura cerca de uma hora e vinte minutos e passa voando. Tudo é muito seguro. Há uma parada no meio para uma tirolesa. A tirolesa é um esporte de aventura que teve sua origem em Tirol na Áustria , consiste em um cabo aéreo ancorado entre dois pontos, pelo qual o praticante se desloca através de roldana, o que permite a sensação de sobrevoar , sem exigir muito esforço físico. Quando se finaliza o trajeto, a confraternização é brindada com cachaça e mel.
Os instrutores são muito bem preparados e passam confiança e segurança a toda a equipe . A sensação é de uma liberdade e felicidade extrema, muito desestressante.
Depois já no centro, no parque dos Saltos, saltamos de pontes nas águas escuras do rio Jacaré.Há um mini-trekking nas duas margens com vistas para as quedas d’aguas que se sucedem inúmeras.
Jantamos no Vicina della Nonna ristorante, no centro na avenida Mário Pinotti, a entrada uma beringela della nona, à parmegiana. Um cordeiro com hortelã e risoto de gorgonzola e a sobremesa uma banana com queijo fresco e canela, imperdível, cozinha internacional. A gastronomia da região tem como destaque a culinária caipira, cujo principal atrativo é o fogão a lenha utilizado até hoje por grande parcela da população rural. Queijos curados, bicoitos e quitutes caseiros  e a famosa cachaça.
No dia seguinte fomos para o Brota Eco-parque há 25 Km do centro, onde as 9 horas não muito exata, começamos o canionismo, com um casal, uma médica récem formada e seu namorado canadense. Há um treinamento , sempre antes de todas as atividades. O canionismo é o descer as cachoeiras suspensos por cordas, o rapel, com dois movimentos, o positivo, quanto se apoia os pés nas pedras e o negativo, quando se fica em suspensão. É novamente muito emocionante, e mais perigoso que o rafting, mas muito seguro. Vamos caminhando por trilhas e descobrindo as cachoeiras por onde descemos de 30, 20 a 10 metros junto com a queda d’água.
Uma dica muito importante, deve se levar roupas leves e tênis velho. Há muito barro, por exemplo, meu tênis acabou. O canadense estava com um tênis branco que ficou qualquer coisa de marrom e jamais voltará a ser branco.
No Brotas Eco-Parque pode se andar de caique , nadar na represa e cahoeiras ,como a de São Sebastião e a do Jacaré. Fazer trekkings por trilhas seguras como a de Furna, cavalgar , jogar voley , se jogar nas redes penduradas nas árvores e voar.
Nossa próxima aventura foi o vôo do Falcão , uma longa tirolesa com um percurso de 1.240 metros sobre um canyon e cascatas do rio Jacaré Pepira. Um visual fantástico, como a sensação de voar pendurado nos cabos de aço. Para se praticar a tirolesa há que ter mais que 1metro e 10cm e pesar menos que 120kg. No nosso grupo, duas crianças mesmo juntas não alcançaram a outra margem e foram resgastadas, mas tudo com muita segurança e confiabilidade que nos é transmitida pelos instrutores.Toda agência têm fotografos e filmadores especializados, para o vôo do falcão utilizam até helicoptero, é uma super infra-estrutura.Como as atividades são quase todas com água é dificil ter-se a mão a câmera, assim tirei pouquíssimas fotos e não comprei as tiradas, pois minha aventura está na minha memória.
Quando acabou , retornamos a pousada para o check-out e voltarmos à São Paulo.Ficou uma sensação deresgaste da infância, do herói que sempre quisemos ser, e ali eramos o herói de nós mesmos. Foi desestressante, auto-astral, uma brincadeira . Ficou a experiência de querer voltar , de querer mais.
Há inúmeras outras opções para se fazer em brotas, pequenos museus, visitas à fazendas da região com nascente de águas cristalinas. O Centro de Estudos do Universo(CEU), que é um planetário de padrão internacional, com apresentações multimídia e observatório em noites de céu aberto.
O céu de Brotas é cheio de estrelas, a noite é mais fresca que o dia, há uma brisa. No centro , muita música regional nos carros que desfilam pelas duas avenidas principais a Rodolpho Guimarãese a Mário Pinotti.Muitos relógios parados, talvez o tempo seja outro em Brotas!
Uma coisa engraçada é o sotaque , tinha me esquecido.O  "R" do interior. Brotas já foi distrito de Araraquara, imaginem vocês que "sordade"!.
De volta a Sampa, descobri que meu professor de spinning , o Emerson , já morou em Brotas e foi instrutor de rafting. Emerson aconselhou-me antes de voltar à Brotas, fazer Rafting em Socorro-MG .Como diz o ditado: A vida é uma aventura ousada ou nada....

Dicas: Roupas leves , velhas e tênis velho.Protetor solar.
Procure adaptar os passeios ao seu tempo. Não deixe de fazer o Rafting, é o The Best.

Sites:
www.vicinodellanonna.com.br

Arte e fotos:Fabricio Matheus

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SONHO, ANGÚSTIA E LÁGRIMAS DE SÃO PEDRO


AQUÁRIO 21-1 A 19-02
“A todo momento que sua alma se sente entusiasmada e prestes a tomar alguma atitude transformadora, as circunstâncias bloqueiam e produzem adversidades.Será que você deve tomar isso como um sinal?Só a sua alma saberá.”Quiroga

Enquanto lia o horóscopo, fui lembrando do meu sonho. Estava vagando pelo campus universitário. Cursava o terceiro ano de medicina. Estava indeciso e infeliz. Queria deixar o curso e tinha medo.Medo por não saber o quê fazer. Medo de não arrumar emprego e outros tantos.
Como diria para meus pais? Como explicar minha infelicidade? Com estes pensamentos e dúvidas continuei a vagar pelo campus. O interessante é que meus colegas de faculdade no sonho não eram os que foram os meus colegas durante a faculdade real.
Ao mesmo tempo, para aumentar minha angústia, tinha recebido uma carta do Colégio Brasileiro de Radiologia, dizendo que não renovariam meu título de especialista, pois eu não tinha feito cursos suficiente no ano.Somente a Jornada Paulista de Radiologia, o quê não era suficiente.
O quê fazer com esta angústia e insatisfação? Decidi que faltaria as aulas. Comecei faltando as provas. Depois pedi reposição que me foi negada. E por quê eu já era especialista e ainda estava no terceiro ano da faculdade? Como eles não renovariam o meu título de especialista, se eu já era especialista.O quê eu precisava provar e para quem, de quê eu era um bom médico.
Sonho constantemente com testes. Às vezes tenho uma prova e não me preparei o suficiente. Às vezes começo o teste e aos poucos vão surgindo as respostas. Até quando irei sonhar com os testes? Os meus sonhos testar-me-ão até o final de meus dias...
O vagar e o abandono da faculdade, esse sentimento que as vezes o sonho nós provoca continuou comigo durante o dia.As frases do horóscopo: - “...prestes a tomar uma atitude transformadora...”, ...” as circunstâncias bloqueiam e produzem adversidades...”
Choveu muito, inundou a cidade. O trânsito parou e decidi assistir “O Discurso do Rei”.
Sou um apaixonado por teatro, quando criança fazia teatro com os amigos da rua. Apresentávamos em diversas casas, não só no quintal de minha infância.Adorava no primário ler em voz alta para a classe.Recitar poesias nas comemorações do colégio. Participar de jograis e tudo o mais que me fizesse aparecer.
Acontece que aproximadamente aos 10 anos. Acho que na quinta série do ginásio fiquei gago.Tinha um bloqueio. Eu conseguia ler na cabeça, mas não saia. Principalmente os sons com A, como : CA, KA, FA... Se eu começasse , eu deslanchava... Tinha uma colega Silvana que sentava atrás de mim, que dava um tapa nas minhas costas para que saíssem os sons ...Fiz de tudo, fui em benzedeira, macumbeira, centro espírita, o diabo . Às vezes melhorava. Sozinho eu era perfeito novamente.Não era canhoto, mas era gordinho.
Quando vim estudar em São Paulo, já estava melhor e freqüentei uma fonoaudióloga com consultório no Ipiranga e Santa Cruz, chamava-se Tânia.
Fazíamos leitura, exercícios com chupeta, hóstias, sopros com língua-de-sogra e aos poucos o problema suavizou. Quando estou mais estressado é quando fico mais gago.Mesmo assim, fiz teatro e peças e acho que melhorei um pouco o problema e foi uma superação pessoal como o tímido e gago Rei George VI. Quando estou no meu papel de médico , raramente gaguejo.
Podem dizer que a história é fraca, que exageraram no problema da gagueira. O filme é bonito , muito bem dirigido e filmado com uma riqueza e beleza de detalhes:- como o cigarro que lhe foi receitado pelos médicos para abrir-lhe os brônquios, e que na realidade causou-lhe um tumor de pulmão e quase lhe custou uma perna. O tímido rei que não queria ser rei fez um dos reinados mais íntegro e ético da história da Inglaterra.Morreu aos 56 anos, era extremamente receoso, acanhado e digno.
Todo o drama é entremeado por uma história de amizade e confiança. Quantas pessoas realmente nos escuta como queríamos ser escutados? Durante o meu sonho , eu tentava dividir o meu problema com algum colega e eles estavam mais preocupados em continuar seus estudos e tirar boas notas na prova. Como os meus terapeutas , amigos até hoje, ajudaram-me a ser quem eu sou.
O relato de superação do Rei , auxiliado por seu terapeuta Lionel Logue, que como eu, é um apaixonado por Shakespeare;cujas falas dos personagens, ora e outra aparecem no filme. A trilha sonora com a sinfonia n° 7 e o concerto n°5 “Emperor” de Beethoven, outro que superou deficiências como a surdez e produziu uma obra musical única, universal, imortal.
Confesso que chorei lágrimas de São Pedro. Saí do cinema com orgulho de mim. Feliz. Que venham mais sonhos, mais testes, mais lágrimas e mais vida. Pois, além das cortinas serão sempre palcos azuís. Nelson Gonçalves era gago, Raul Cortez e tantos outros...Não sei porquê, mais desci a Consolação, debaixo do meu guarda-chuva com nuvens num céu azul cantando “Think of me” do Fantasma da Ópera: “ but please promise me,that sometimes you will think of me!...”

P.S.Lágrimas de São Pedro é a instalação de Vínicius S.A. , que percorreu vários locais e  cidades e está no átrio da Caixa Cultural São Paulo na praça de Sé.

Fotos:Fabrício Matheus

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ENTRE TANTOS:SÃO PAULO DO MARTINELLI


Meu coração além de corinthiano é Paulistano.Nesta semana, com as bancas estampadas com o choro do Fenômeno, anunciando a aposentadoria, fui passear pelo centro. Considero Ronaldo meu Pelé, gordo ou magro, sou seu fã. Acho um dos maiores jogadores , junto com o galinho Zico e Romário. Mas não é de futebol que entendo cada vez mais que quero escrever.Quero escrever de São Paulo. Sou apaixonado pela cidade, onde me fiz adulto.
Cheguei em São Paulo em 1983 para estudar e até hoje descubro lugares, volto nos já conhecidos, pois sempre há uma infinidade de opções para explorar a cidade.
Adoro passear pelo centro. Fazia isso quando estudante de direito do Largo da São Fran , curso que abandonei pela Medicina.
Nesta semana , novamente, explorando o centro da cidade desde a praça da Sé, passando pela Caixa Cultural, onde sempre têm ótimas exposições. No momento sobre os 60 anos da Televisão, a instalação Lágrimas de São Pedro de Vínicius S.A. e a imperdível de fotografia, montagem e colagem de Geraldo de Barros: - Entre Tantos :Geraldo de Barros.
A exposição é muito criativa pois Geraldo foi um dos primeiros fotográfos a desenvolver maneiras de produção da imagem a partir da câmera fotográfica. Da sua observação minuciosa dos objetos, pessoas, paisagens, transformava a imagem captada com seu clique , recortando, sobrepondo, raspando os negativos e descobrindo novas facetas e novas dimensões a sua criação.
Há uma cortina de monóculos. Ah!Memória!Ah! Saudade de abrir o armário de minha avó e ficar horas olhando sua caixa com os monóculos. Onde foram parar os monóculos de minha avó. Lembrei de uma especial minha no jardim de casa segurando a roseira, com a camisa do meu primo, que se passou para mim. Eram outros tempos... Entretanto eram tempos, os tempos de minha avó.
O Pátio do Colégio, com seu charmoso restaurante. O CCBB com a exposição do Islã e com um pequeno e também simpático bistrô no terceiro andar defronte ao Teatro.
E pelas veredas da São Bento, deparo-me com o Martinelli que nunca tinha subido. Os horários são manhã das 9:00 às 11:00 e tarde das 14:30 às 17:00, segunda à sexta.
O Martinelli foi o primeiro arranha –céu de São Paulo, inaugurado em 1929.Importante construção para a cidade, sede de vários partidos políticos. No 26° andar , além da vista panorâmica do espaçoso terraço, foi construída a “Casa do Comendador” que é uma réplica de uma Vila Italiana onde morava o arquiteto Giuseppe Martinelli e hoje é uma das sedes das secretárias da prefeitura municipal.
Durante a gestão da prefeita Marta Suplicy, cogitou-se a construção de um restaurante –café , que foi atualmente abandonada. Mas seria um presente à cidade de São Paulo, é uma revitalização do centro, se transformassem este espaço superior do Edifício Martinelli, hoje patrimônio da cidade, num espaço de encontro e cultura.
Foi um prazer admirar São Paulo do amplo terraço de pisos azulejados e colunas nas muretas retorcidas.
Tudo de cima:- O Viaduto Santa Efigênia, o Mosteiro de São Bento, a Libero Badaró, a praça da Sé, o prédio do antigo Banespa , hoje Santander, outra grande visita e vista panorâmica da cidade e a amplidão do horizonte da metrópole de São Paulo, para se brincar de onde está Wally?
O funcionário do edifício e a segurança(mulher) extremamente simpáticos, bem-humorados, contando histórias que foram se somando as minhas, ali no momento. Momentos...
Se você nunca subiu no Martinelli, não deixe de ir. Se você já foi, volte.Passeemos pelo Centro!.

Entre fui e não fui:  Fico
Entre era e agora:  Memória
Entre luz e ausência: Tempo
Entre todas as coisas: Foto
Entre paixão e amor: Foco
Entre cílios: Abertura
Entre tudo: Vejo
Entre branco e preto: Cinza
Entre pensamento e idéia: Palavra
Entre palavras e linha: Entrelinhas
Entre a mão e a máquina: Clico
Entre você e eu: Nós
Entre nós: Todos
Entre tudo: Mundo
Entre lente e mente: Verdade

Fotos:Fabricio Matheus
Entre tantos:Gerado de Barros

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PARATY



PARATY
PARA TI
TRINDADE
PARA TI
A PRAINHA DA PRAIA GRANDE
PARA TI
A PRAIA DO SONO
O SONHO
PARATY
OS CASARÕES
SACADAS
PARA TI
AS RUAS E CALÇADAS DE PEDRAS
PARA TI
AS IGREJAS
MONTANHAS
RIOS
CASCATAS
ILHAS
BARCOS
PARA TI
A COMIDA
A CACHAÇA
A BANANA DA TERRA
O TEATRO DE BONECOS
AS BICICLETAS
PARA TI
AS CORES
O CÉU AZUL
AS ONDAS
PARA TI
ALÉM DO MAR
O MAR
PARA TI
ALÉM DO MAR
AMOR
MAIS MAR...
SÓ PARA TI
PARATY.

Fotos:Fabricio Matheus e Conor O'Byrne