Diogo Mainardi, foi
por anos o mais controverso colunista da
revista Veja. Integra como jornalista desde 2012 o programa
Manhattan Connexion.no canal GloboNews. Escritor de quatro romances e
duas coletâneas de suas colunas para a revista Veja; A tapas e pontapés
(Record, 2004) e Lula é minha anta (Record , 2007), lança seu novo livro “A
Queda / As memórias de um pai em 424 passos” (Record, 2012).
Neste livro, ela descreve como é ser o pai de um filho com
paralisia cerebral vítima de um erro médico.
Ele nos conta esta história , a sua história e a de seu filho, dividida em
pequenos trechos numerados de acordo com o atual número de passos que seu filho
consegue
atualmente dar sem cair. Alguns
trechos são ilustrados com fotos, desenhos e outras imagens que se interligam e
conectam com o texto escrito.
Diogo Mainardi é ateu , critica sempre a religião e ao misticismo
em geral, diz-se cético.
Mainardi começou escrevendo sobre cultura e literatura,
muito de sua formação vem da influência de Ivan Lessa e Paulo Francis , a quem
os considera como mentor. Depois de anos passou a escrever sobre economia e
política.
Como ele mesmo escreveu : -“ A cultura me deprime ...o
ambiente cultural se acostumou a ideia de que não tem nada de relevante para
acrescentar a realidade”, posteriormente abandonou a politica e a economia para
dedicar-se a sua vida privada , e é esse
momento , que o autor divide sua história com seu filho com os leitores.
Diogo, não credita a Deus, ou a qualquer coisa que o faça
sentir culpa ou arrependimento , o nascimento de seu filho com paralisia
cerebral. Ele analisa os fatos como eles são, com a razão, fazendo um paralelo
com a arte e o mundo cultural que o cerca e o absorve, ele vai construindo sua
história, ao deixar-se cair junto com o filho. Ele faz do filho que poderia ser
uma maldição a sua benção e a sua razão de viver . O seu filho torna-se a sua
arte, a sua vida e direciona o seu caminho.
E por meio da razão e da arte, principalmente pelo presente,
no sentido de viver o momento, de apreender com a experiência, usando sua
cultura, sua construção de humano, como um Renascentista, mesclando,
literatura, música, artes plásticas, arquitetura e ciência que ele vai caindo,
mas aprendendo com a felicidade da queda a se reerguer e a se reconstruir. Re-enxergar de novo na queda a
possibilidade de culminar o topo da montanha.
A partir do nascimento de seu filho primogênito Tito, o que
poderia ser sua queda, torna-se sua ascensão.
O que poderia o
tornar para sempre infeliz, que é a condição do humano, visto que o desejo
completo é inatingível torna-se plenitude.
O desastre torna-se
construção e nos emociona com arte e razão, com ciência e praticidade/práxis,
sem precisar de religião, de Deus , ou
de qualquer outro tipo de consolação que não esteja dentro dele, ou de nós.
Os 424 passos, são curtos , mas podem ser longos se você desconhece as referências
invocadas pelo autor. Se for este o caso, pare, procure, veja as imagens mais
de uma vez. Tente ter um conhecimento sobre um autor, ou artista citado, mesmo que
pesquisando no google, certamente neste intervalo, nesta queda de leitura ,
você chegará ao final , com a possibilidade de ter caminhado uma longa –curta
jornada, com um outro olhar, mais complacente, sem preconceitos , sem uma benevolência santa. Sabendo que de uma
forma ou de outra o seu mundo esta e cabe dentro de você.
Arte:Fabricio Matheus