Sou fã incondicional da Meryl Streep, assisto tudo que ela
faz, e não podia deixar de ver “Um divã para dois”que estreiou neste final de
semana.
O filme explora muito bem com humor e drama, um assunto
sério: - Como salvar um casamento falido? Em outras palavras , é possível salvar uma relação já fadada ao
fracasso? Como fazer?
Meryl e Tommy Lee Jones, com interpretações estupendas, com delicadeza e verdade, e a
desenvoltura dos grandes atores, nos
ensina um pouquinho sobre a difícil arte de amar e manter vivo o amor.
Juntos há mais de 30 anos, Kay e Arnold, embora vivendo na mesma casa e sob o mesmo
teto, vivem um casamento falido. Eles já não dormem juntos, não fazem sexo há
anos e quase já não se falam, apenas o corriqueiro para quebrar o silêncio e
manter as aparências.
Kay, não só nota que a relação esfriou, como começa a não
aguentar mais a situação, e começa a procurar
se haveria alguma solução para manter a relação ou separar... Na sua
busca pela tal solução, através de um livro de auto- ajuda , fica conhecendo um
terapeuta especialista em relação conjugal e paga para fazer uma intensiva
terapia de casal com o renomado especialista
o Dr. Feld( Steve Carell)por uma
semana, convencendo o sisudo marido a atravessar o país para chegar a Maine , a
pequena Hope Springs.
Lá, o terapeuta é objetivo para saber a intimidade deles.
Com um roteiro muito bem escrito, de
forma séria , temas como relações
sexuais, fantasias, desejos, lembranças, memória afetiva vão se entremeando a
redescoberta do que foi perdido, e se o que se perdeu poderá ser reencontrado.
Há de forma breve alguns temas próprios de uma terapia, como
constrangimentos, resistência, raiva e
etc... Discussões sobre a quem cabe a culpa, se é que existe algum culpado, e
principalmente o querer. Há que se querer manter o amor.
Há uma fala do terapeuta: - Tenho dois tipos de clientes ,
os que querem se separar e os que querem
continuar juntos.
O filme me lembrou “Quarta-feira de cinzas / Ash Wednesday
”com a Elizabeth Taylor e o Peter Fonda, que têm o mesmo tema, conduzido de
forma diferente, sem a palavra, o entendimento e o afeto. Neste filme, a
personagem Barbara tenta reconquistar o
marido pela beleza, internando-se numa clínica na Suiça e submetendo-se a cirurgias
plásticas e outros tratamentos para recuperar a beleza de seus 20 anos e assim
o marido, resultado :- Não funcionou, nem com toda a beleza e os olhos violeta
. Não há cirurgia ou tratamento estético que substitua o dialogo, a palavra, o
ato.
Tenho uma admiração especial pelo Dr. Harville Hendrix, um
terapeuta americano especializado em terapia de casais, que me foi apresentado pelo terapeuta e psicólogo Klecius
Borges, leio e releio o livro “Todo o
Amor do Mundo um guia para casais/
Getting the love you want” de Harville que começa com a pergunta: - Você
está tendo o amor que deseja?. Este livro é fundamental para médicos e
terapeutas.
Não há nada pior e mais doloroso que a solidão a dois. O
filme discute com humor até pequenas coisas, como os presentes, os cuidados.
Kay ganha de Arnold de presente de aniversário um aquecedor,
e responde , você também toma banho.
Amar, e o amor dão trabalho, é como um jardim, há que arar,
adubar , semear, aguar e esperar florir, replantar sempre. O jardim nunca está
longe e pertence aos dois, o jardim existe ou não.
O amor quando acaba é doloroso, é como na letra de Vinicius
“O amor é a coisa mais triste quando se desfaz”, ou o fim do amor é a morte em
vida.
Não estou aqui fazendo uma apologia do amor eterno, é que os
casais têm que tentar até o fim ficarem juntos, há as incompatibilidades.
Há que se tentar, mas se não der certo, há que procurar
outros caminhos.
Enfim, quando o jardim está morto, o que fazer é construir
outro jardim só ou com outro alguém.
Aí cabe ao tempo . Amar e o amor sempre vale a pena, por
mais trabalho que se dê, só crescemos com o relacionamento. Se não deu certo ,
temos que por um tempo enterrar nossas memórias e lembranças, viver o luto da
perda do amor e o vazio do relacionamento que não deu certo, afastarmos-nos das
lembranças, como uma morte mesmo e recomeçar. Recomeçar sempre, pois a vida é
tempo, e o tempo passa para todos....
Assistam o filme, e não saiam do cinema antes de terminar de
passar os créditos , por que o filme continua e termina como o horizonte que
sempre nos anuncia um novo amanhã.
Arte:Fabricio Matheus
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