sábado, 18 de agosto de 2012

UM DIVÃ PARA DOIS/HOPE SPRINGS




Sou fã incondicional da Meryl Streep, assisto tudo que ela faz, e não podia deixar de ver “Um divã para dois”que estreiou neste final de semana.
O filme explora muito bem com humor e drama, um assunto sério: - Como salvar um casamento falido? Em outras palavras ,  é possível salvar uma relação já fadada ao fracasso? Como fazer?
Meryl e Tommy Lee Jones, com interpretações  estupendas, com delicadeza e verdade, e a desenvoltura dos grandes atores,  nos ensina um pouquinho sobre a difícil arte de amar e manter vivo o amor.
Juntos há mais de 30 anos, Kay e Arnold,  embora vivendo na mesma casa e sob o mesmo teto, vivem um casamento falido. Eles já não dormem juntos, não fazem sexo há anos e quase já não se falam, apenas o corriqueiro para quebrar o silêncio e manter as aparências.
Kay, não só nota que a relação esfriou, como começa a não aguentar mais a situação, e começa a procurar  se haveria alguma solução para manter a relação ou separar... Na sua busca pela tal solução, através de um livro de auto- ajuda , fica conhecendo um terapeuta especialista em relação conjugal e paga para fazer uma intensiva terapia de casal com o renomado especialista  o Dr. Feld(  Steve Carell)por uma semana, convencendo o sisudo marido a atravessar o país para chegar a Maine , a pequena Hope Springs.
Lá, o terapeuta é objetivo para saber a intimidade deles. Com um roteiro  muito bem escrito, de forma séria ,  temas como relações sexuais, fantasias, desejos, lembranças, memória afetiva vão se entremeando a redescoberta do que foi perdido, e se o que se perdeu poderá ser reencontrado.
Há de forma breve alguns temas próprios de uma terapia, como constrangimentos,  resistência, raiva e etc... Discussões sobre a quem cabe a culpa, se é que existe algum culpado, e principalmente o querer. Há que se querer manter o amor.
Há uma fala do terapeuta: - Tenho dois tipos de clientes , os que querem se separar e os que  querem continuar juntos.
O filme me lembrou “Quarta-feira de cinzas / Ash Wednesday ”com a Elizabeth Taylor e o Peter Fonda, que têm o mesmo tema, conduzido de forma diferente, sem a palavra, o entendimento e o afeto. Neste filme, a personagem  Barbara tenta reconquistar o marido pela beleza, internando-se numa clínica na Suiça e submetendo-se a cirurgias plásticas e outros tratamentos para recuperar a beleza de seus 20 anos e assim o marido, resultado :- Não funcionou, nem com toda a beleza e os olhos violeta . Não há cirurgia ou tratamento estético que substitua o dialogo, a palavra, o ato.
Tenho uma admiração especial pelo Dr. Harville Hendrix, um terapeuta americano especializado em terapia de casais, que me foi  apresentado pelo terapeuta e psicólogo Klecius Borges, leio e releio o livro “Todo o Amor do Mundo um guia para casais/ Getting the love you want” de Harville que começa com a pergunta: - Você está tendo o amor que deseja?. Este livro é fundamental para médicos e terapeutas.
Não há nada pior e mais doloroso que a solidão a dois. O filme discute com humor até pequenas coisas, como os presentes, os cuidados.
Kay ganha de Arnold de presente de aniversário um aquecedor, e responde , você também toma banho.
Amar, e o amor dão trabalho, é como um jardim, há que arar, adubar , semear, aguar e esperar florir, replantar sempre. O jardim nunca está longe e pertence aos dois, o jardim existe ou não.
O amor quando acaba é doloroso, é como na letra de Vinicius “O amor é a coisa mais triste quando se desfaz”, ou o fim do amor é a morte em vida.
Não estou aqui fazendo uma apologia do amor eterno, é que os casais têm que tentar até o fim ficarem juntos, há as incompatibilidades.
Há que se tentar, mas se não der certo, há que procurar outros caminhos.
Enfim, quando o jardim está morto, o que fazer é construir outro jardim só ou com outro alguém.
Aí cabe ao tempo . Amar e o amor sempre vale a pena, por mais trabalho que se dê, só crescemos com o relacionamento. Se não deu certo , temos que por um tempo enterrar nossas memórias e lembranças, viver o luto da perda do amor e o vazio do relacionamento que não deu certo, afastarmos-nos das lembranças, como uma morte mesmo e recomeçar. Recomeçar sempre, pois a vida é tempo, e o tempo passa para todos....
Assistam o filme, e não saiam do cinema antes de terminar de passar os créditos , por que o filme continua e termina como o horizonte que sempre nos anuncia um novo amanhã.


Arte:Fabricio Matheus




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