segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DEUS DA CARNIFICINA by BARBARA HELIODORA


O teatro em sua forma mais nobre

Para lembrar o poeta, o pós-moderno que me desculpe, mas o texto é essencial. Não quero negar o mérito de outras formas, mas quando um texto expressa bem uma ação significativa, o teatro se apresenta em uma de suas mais nobres manifestações. A francesa Yasmina Reza vem se afirmando como um dos mais sólidos talentos dramatúrgicos dos últimos tempos, e “Deus da carnificina” é mais um bom exemplo de suas qualidades. Um diálogo brilhante (muito bem traduzido por Eloísa Ribeiro) retrata a emergência do poder dos mais primitivos e violentos sentimentos de dois casais supostamente “civilizados”, quando qualquer incidente (no caso, uma briga entre os filhos, ainda meninos) rompe o verniz da cortesia e revela a verdade reprimida. Não que haja qualquer real semelhança entre as duas peças, mas a estrutura de Yasmina Reza é parente da “Virginia Woolf” de Edward Albee. A autora situa com precisão as diferenças profissionais e culturais de seus dois casais, assim como as semelhanças e diferenças nas relações de cada um deles em si. Assim como Harold Pinter diz que a tragédia “é quando as coisas deixam de ser engraçadas”, o riso é frequente no desenrolar dessa carnificina, mas é precisa a evolução para as revelações mais dramáticas e reais que têm lugar nessa ótima peça.
A encenação é em tudo e por tudo digna do texto: original e imaginativo o cenário de Flavio Graff, muito boa a luz de Renato Machado, assim como os figurinos de Marília Carneiro. A música e o som de Marcelo Alonso Neves só pecam por uma introdução muito prolongada que não estabelece qualquer clima específico ligado ao texto. E brilhante é a direção de Emilio de Mello, que capta tanto a perspicácia quanto as incontáveis variações do clima da ação e a personalidade e a funcionalidade de cada personagem.
É raro ver um elenco tão equilibrado quanto o que ocupa neste momento o palco do Teatro Maison de France: Orã Figueiredo explora bem o marido mais modesto de informação e cultura, enquanto Deborah Evelyn executa com exatidão e emoção o papel da dona da casa, proclamada defensora da cortesia e da cultura, cujo temperamento é cruelmente revelado pelo duelo com o casal visitante, pais do menino que agrediu seu filho. Paulo Betti e, principalmente, Julia Lemmertz, nos papéis mais elaborados, têm atuações primorosas, completando o excepcional equilíbrio interpretativo desse ótimo espetáculo
Nestes últimos tempos, são raríssimos os espetáculos da qualidade desse imperdível “Deus da carnificina”.
Como diz minha amiga : Por quê reinventar a roda. Adorei o espetáculo, recomendo, queria escrever sobre , mas Barbara escreveu com clareza e precisão que lhe é própria.

Texto de Barbara Heliodora publicado no Globo 05/09/2010
Fotos de divulgação do espetáculo.







quarta-feira, 24 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

20 DE NOVEMBRO/ DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


P/Emanoel Araújo

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594).
Este ano estive na África do Sul, vi e senti um pouco o Apartheid mais suavizado. Reli as histórias de Mandela, vi filmes e li livros sobre o Apartheid. O preconceito e racismo deveria já não existir, ser extinguido; uma luta constante do ser humano pela igualdade de seus direitos.
Queria escrever algo alegre sobre os negros, pensei em Grande Otelo e depois vieram tantos nomes que certamente faltaria homenagens a raça negra e a sua contribuição para a cultura e engrandecimento da nação brasileira, america e países africanos.
Este ano em especial convivi com um baluarte da cultura negra, o artista plástico e diretor do museuAfro Emanoel Araújo com quem  muito aprendi.
Fico com a imagem desta menina africana que tirei no nordeste da África do Sul para celebrar e pensarmos com mais carinho , fraternidade e humanidade nos nossos irmãos e semelhantes que têm uma história de tanta dor e sangue.

Foto:Fabricio Matheus

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NAUM ALVES DE SOUZA , PESCADOR DE PÉROLAS DO TEATRO


P/ Alberto Guzik

Mi par d'udire ancora,
o scosa in mezzo ai fior,
la voce sua talora,
sospirare l'amor!
O notte di carezze,
gioir che non ha fin,
o sovvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno, sogno d'amor!
Dalle stelle del cielo,
Altro menar che da lei,
La veggio d'ogni velo,
Prender li per le ser!
O notte di carezze!
gioir che non ha fin!
o sovvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno, sogno d'amor!
divin sovvenir, divin sovvenir!George Bizet

“A religiosidade é muito mais em relação ao mistério da vida, da morte, dessas coisas sobre as quais a gente não tem certeza nenhuma”N.A.Souza


Semana passada fui ao cinema no Unibanco, antes da sessão fui a livraria e entre os livros da coleção Aplauso Perfil tinha o do Naum Alves de Souza: Imagem, Cena , Palavra escrito pelo Alberto Guzik.Eu adoro ler a coleção, pois sempre se aprende algo da vida dos outros, principalmente eu que adoro teatro.
Felizmente já assisti a muitos espetáculos e posso contá-los como história do teatro. Mas aprendi um pouco mais sobre o Naum, coisas que não sabia como sua formação em artes plásticas com aulas de gravuras na Faap, com Marcelo Grassmann e o Mario Gruber, entre outros.A influência de Chagall nos seus desenhos. E foi na Faap, como professor de artes plásticas para crianças, que o espectador, tornou-se fazedor de teatro.
Não quero escrever aqui sobre o livro, que vale a pena ser lido, como outras biografias da coleção e outros livros do Guzik como as biografias do Paulo Autran. Quero escrever sobre a minha vivência com a obra de Naum.
Acho que o primeiro espetáculo do Naum que assisti foi Nijinsky em 1987,no teatro Cultura Artistica, com o J.C.Violla e a Mariana Muniz no papel de Romola. Fiz dança muitos anos depois com a Mariana. Tinha assistido um filme sobre o Nijinsky- uma história real de 1980 com o Alan Bates. Estava na faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o Nijiinsky me levou ao Rio para assistir Cenas de Outono adaptado dos contos de Yukio Mishima e Dona Doida, um Interlúdio com textos de Adélia Prado e interpretação de Fernanda Montenegro. Tinha acabado de assistir em São Paulo no teatro Bibi Ferreira Lobo de Ray –Ban do Renato Broghi com o Raul Cortez e foi a primeira vez que voe de avião. Lembro-me que tinha uma professora de história na janela e pedi para trocar de lugar pois era minha primeira vez. Fui vislumbrando das nuvens a paisagem de São Paulo ao Rio.
Cenas de Outono , assisti na quinta-feira na sessão da tarde, no Teatro Delfim perto do Jardim Botânico. A peça era um poema, com Marieta Severo, Silvia Buarque e Eduardo Lages, com uma trilha ao vivo com um saxofone, e as folhas secas de outono e o conto da longa espera do amor no porto nunca saiu de minha cabeça. Na mesma noite assisti a Dona Doida, no mesmo teatro. Dona Doida me fez mergulhar para sempre na poesia de Adélia Prado. Assisti novamente em Ribeirão Preto. E vi o show Francisco com o Chico no antigo Palace, atual Citibank Hall.
Como escrevi,nesta época fazia faculadade de Medicina, e tinha um professor de pediatria com o nome Naum Alves, que por coincidência era primo do Naum e interessado em artes e passávamos os plantões discutindo os casos das crianças doentes, com histórias da família e de arte.
Em 1989 vi no teatro Clara Nunes Suburbano Coração, com músicas de Chico Buarque, interpretação de Fernanda Montenegro, Otávio Augusto, Ivone Hoffman e Ana Lucia Torre, quem assistiu nunca se esquecerá de Lovemar, e das canções do Chico regravadas posteriormente.
Assisti nos anos 90 , No Natal a gente vêm te buscar com a Lucélia Santos e Ida Gomes, direção de João Albano. Em 2003 assisti Longa Jornada Noite Adentro de Eugene O’Neill no CCBB com a Cleide Yaconis e o Sérgio Brito. Em 2004 assisti Aurora da minha Vida que vi também em outras montagens não profissionais.
Soppa de letra com Pedro Paulo Rangel, quando descobri pelo taxista que Naum era meu vizinho. Em 2005 assisti a remontagem de Os Pescadores de Pérolas de George Bizet no Municipal de São Paulo e tenho até hoje fresca na minha memória a imagem dos pescadores, mergulhando ao fundo em busca das pérolas. Uma imagem-poesia, daquelas que algum dia queremos ou iremos desenhar numa tela...
Em 2009, assisti a direção de Naum na remontagem de Dores de Amores de Leo Lama com o Otávio Martins e em 2010 vi no teatro Vivo : Sopros da Vida de David Hare com Rosamaria Murtinho e Natalia Timberg. Não assisti muita coisa do Naum, como Pequenas Raposas com a Beatriz Segall, Bailes do Brasil, Um Beijo , um Abraço e um Aperto de Mão, que li posteriormente, assim como outras peças;Mediano do Otávio Martins com o Marco Antônio Pâmio. Queria muito ter assistido a remontagem de Amadeus de Peter Schaffer que vi com o Raul Cortez , direção do Flavio Rangel no Teatro Maria Della Costa.
Agora depois de ler o livro do Guzik, aguardo ansiosamente, para ontem, o livro com suas peças, pois quero ler Aquele Ano das Marmitas. Mas vi também muitas coisas do Naum, às vezes cruzo com ele na rua, comprando DVDs. Às vezes, graças a sua inesquecível montagem, seu trabalho virtuoso, minha alma se enche de luz e poesia e canta:
O Trem de ferro é uma coisa mecânica, mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,atravessou a minha vida , virou só sentimento”A.Prado.


DEUS DA CARNIFICINA/VIOLÊNCIA ATÉ QUANDO....


"A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro"Eça de Queirós


Há 2 semanas escrevo sobre violência e educação.Parece distante mais a violência chega cada vez mais perto de nós. A violência nos atinge todos os dias. Hoje, manchete nos jornais nacionais e internacionais: Jovens de classe média agridem 4 na Paulista;polícia investiga homofobia.
Cinco jovens de classe média- um de 19 anos , um de 17 e três de 16- foram detidos ontem de manhã na Avenida Paulista , sob a acusação de terem agredido três pessoas com socos, chutes e golpes com lâmpadas fluorescentes.Na delegacia foram identificados por outro rapaz, que contou ter sido agredido e assaltado pelo grupo.Duas vítimas disseram à polícia que teriam sido confundidos com homossexuais, e isso teria motivado a agressão.Para o pai de um dos acusados, foi apenas uma briga comum. Para outro, não houve homofobia; familiar do maior, diz que o filho tem pavio curto contra assédio homossexual. Mas isso seria motivo para tamanha violência?
Há duas semanas numa festa do diretório acadêmico da ECA-USP , um casal de homossexuais foram agredidos por um grupo. Deram queixa e foram desculpados publicamente , inclusive pelo grêmio da ECA.
Segundo Ivete Gattás, psiquiatra da infância e adolescência, atos cometidos por jovens em grupo funcionam como ritos de passagem e afirmação perante os demais. Em bando , os jovens se sentem mais poderosos. E isso se agrava quando os pais não são tão participativos na educação e, principalmente na imposição de limites aos filhos.
Em 20/04/1997—Quatro jovens da classe média de Brasilia atearam fogo em um índio pataxó, que morreu.
Em 28/02/2006 – Cinco alunos do Colégio Sion em São Paulo, agrediram um estudante de 15 anos do Mackenzie.
Em 23/06/2006 – No Rio, cinco jovens espancaram uma empregada doméstica após agredir prostitutas, lançar uma garrafa no carro de duas engenheiras e se envolver em brigas na mesma noite.
Em 20/10 /2007 – Um estudante de 17 anos foi espancado por um grupo de 20 punks na Avenida Tiradentes, em São Paulo, sem motivo aparente.
Em 10 /06/2006, horas depois da Parada Gay, o turista francês Gregor Erwan Landouar, de 35 anos, foi morto com uma facada no abdômen, ao sair do Ritz, na Alameda Franca , Jardisn. Ele estava acompanhado de três pessoas . Menos de um mês depois, o punk Genésio Mariuzzi, de 23 anos, apelidado Antrax , foi detido. O rapaz integrante da gangue Devastação Punk , confessou à policia que praticou o crime para descontar a raiva por seu grupo ter perdido uma briga com uma gangue rival. Durante o julgamento, ele afirmou que “deu azar” porque o caso foi amplamente divulgado pela mídia.Ele foi condenado a 27 anos e seis meses de prisão.
Em 17/06/2009- O cozinheiro Marcelo Campos Barros, de 35 anos, agredido após a Parada Gay, teve morte cerebral devido a traumatismo craniano. Ele não estava participando da Parada, segundo amigos, estava apenas passando pelo local. No mesmo ano 44 pessoas foram atendidas na Santa Casa de Misericórdia. Um adolescente de 17 anos teve politraumatismo na face. E 21 pessoas ficaram feridas devido a uma bomba caseira que explodiu na Rua Vieira de Carvalho, tradicional reduto de bares gays na cidade, duas horas depois da passeata terminar.
Estes são alguns casos, há outros e outros que acontecem e se repetem freqüentemente. E não se acham os responsáveis. Onde está o estado de lei? Onde somos amparados pelo Estado?
***15 de novembro de 2010- Por ordem da Justiça, jovens de classe média acusados de atacar três pessoas no domingo vão responder  a processo em liberdade. Os adolescentes responderão, em liberdade , por ato infracional.Único maior de idade do grupo, de 19 anos, responderá, também em liberdade, pelos crimes de lesão corporal, roubo e formação de quadrilha. A classe social interfere no tempo de internação? A Justiça neste caso levou em consideração o respaldo que a familia pode dar ao adolescente, que segundo o juiz , não está vinculado à questão financeira, mas à educação e ao apoio dos pais.O que você pensa sobre o assunto?
***15 de novembro-- Jovem  de 19 anos foi baleado com um tiro na barriga no Arpoador, sona sul do Rio, na noite de domingo , após a Parada Gay na orla de Copacabana. Ele acusa três militares do Exército de abordarem ele e seu namorado quando estavam "dando beijos". Inquérito vai apurar tentativa de homicídio e crime de discriminação por preconceito.
Fotos :Fabricio Matheus



SEXO NA TERCEIRA IDADE



“A atividade sexual permanece na terceira idade, havendo somente diminuição na sua freqüência. Na terceira idade, além de satisfação física, o sexo reafirma a identidade de cada parceiro, o vínculo, a intimidade e a sensação de afeto”Arlete Gravanic



A terceira idade é uma etapa na vida do indivíduo e varia conforme a cultura e desenvolvimento social, sendo considerada dos 60 aos 75 anos. Não existe consenso em relação à fronteira que limita a fase pré e pós velhice, nem quais os indícios mais comuns da chegada nesta fase.É sabido que alguns problemas de saúde passam a ser mais freqüentes e a aparecer nesta fase como a osteoporose, Mal de Alzheimer , Doença de Parkinson entre outras.
A expectativa de vida dos Brasileiros em 2010, segundo o IBGE é de cerca de 75 anos, variando de sexo e região, sendo que a população de pessoas com mais de 60 anos cresceu 14,5% . No mundo inteiro este índice aumenta com a melhora da medicina preventiva entre outros fatores. Estamos cada vez mais com uma população de idosos, jovens; com qualidade espetacular de vida e saúde. As pessoas se cuidam com a alimentação/dieta, exercícios físicos, cursos que estimulam o desenvolvimento e memória,etc...
A indústria farmacêutica investe milhões em drogas para manter a ereção em detrimento de pesquisas para drogas contra o Mal de Alzheimer.
Entretanto na prática médica vejo cada vez mais idosos , pessoas na terceira idade com vida sexual ativa. Alguns com ajuda de medicamentos, outros com próteses cirúrgicas penianas, muitas colocadas em serviços de saúde da rede pública. Alguns casos de desarmonia conjugal em que o homem apresenta libido e a mulher não. Sendo também comuns o aparecimento de DST(Doenças sexualmente transmissíveis) e AIDS que têm aumentado na população de maior idade.
A sociedade atual também prega uma propaganda de que as pessoas não devem envelhecer. É o idoso luta e é cobrado para se parecer cada vez mais jovem.
É claro que as necessidades sexuais dos idosos, assim com a individual, são diferentes das do jovem, pois estão em outro momento da vida, prezam mais intimidade com seu companheiro ou companheira do que , por exemplo , a freqüência das relações sexuais.
A atividade sexual em qualquer idade é demonstração de um estado de boa saúde física e mental. A função sexual—desejo, excitação e o prazer do orgasmo, continua por toda a vida. É importante nesta fase para se continuar a ter prazer , se adaptar a algumas mudanças sexuais.
Para algumas mulheres o climatério pode ser uma fase de problemas psicológicos. O final dos ciclos menstruais pode gerar um sentimento de desvalorização. Por outro lado, muitas vivem nesta fase uma chamada nova liberdade, já que não tem a mesma responsabilidade com os filhos , que já estão educados, muitas aprendem a gostar de si e de seu corpo e se abrem a sensações novas sem tanta cobrança.
A diminuição da libido, falta de orgasmo, diminuição da lubrificação da vagina e dor durante a relação sexual deve ser falada abertamente com o médico , e muitos destes distúrbios são plenamente corrigidos com medicação apropriada e reposição hormonal, principalmente em pacientes sem antecedentes de câncer familiar.
O homem experimenta nessa fase crises emocionais que se refletem no seu vigor sexual, ou crises por ter um vigor diminuído, a ereção não será mais a mesma, a excitação demora mais a chegar e a ejaculação é mais rápida. Alguns dos sintomas da dificuldade de ereção podem ser decorrentes de problemas circulatórios, diabetes, diminuição da sensibilidade na região peniana da glande e podem também ser tratados, mas na grande maioria são os fatores emocionais que atrapalham a satisfação sexual.
A utilização excessiva de medicamentos (anti-hipertensivos , tranqüilizantes, anti-depressivos, etc), o álcool e fumo podem diminuir a potência sexual.
Envelhecer, sentir-se velho, ter medo de morrer, depressão, ansiedade e angústia são fatores que levam às dificuldades sexuais, pois geram baixa auto-estima e infelicidade.
É importante que homens e mulheres percebam que a atividade sexual entre pessoas mais velhas é muito natural e importantíssimo para manter a qualidade de vida, pois ajuda a perder peso, melhora o apetite e a digestão, além de favorecer a circulação sanguínea. Ou seja, não há contra-indicações.
Os novos velhos devem aprender a valorizar a oportunidade de estar com o parceiro, reaprender a namorar: saiam, dancem, andem de mãos dadas, conheçam novos lugares, revivam os antigos. Redescubram juntos os prazeres. Experimentem o novo, o afeto, a alegria. E se estiverem com novos parceiros, façam como os jovens: sempre usem preservativos.
A campanha do Ministério da Saúde sobre sexo na terceira idade aconselha: experimentar a vida e aprender a se adaptar a algumas mudanças sexuais é o principal fator que determina o prazer sexual.


Fotos:Fabricio Matheus

domingo, 14 de novembro de 2010

LAURIE ANDERSON: I IN U




Esta noite sonhei que tinha que voltar para Ribeirão Preto. Tinha que voltar a estudar, a morar sozinho, sendo novamente sustentado por meu pai. Foi angustiante, quase um pesadelo , em que eu me via e me sentia impotente, perdendo o que eu já tinha conquistado. Outras vezes já tive sonhos semelhantes de volta aos estudos e provas e testes. O meu eu esta constantemente sendo testado por mim mesmo, por medo do mundo. Como se eu criança voltasse com os meus medos nos meus sonhos de adultos e com os mesmos sentimentos de angústia.
Comecei meu dia e logo esqueci do sonho que de certa forma perturbou meu ser. E fui reencontrá-lo , encontrá-lo, decifrá-lo e compreendê-lo, compreendendo-me na exposição multi-midia de Laurie Anderson : I IN U/EU EM TU .
Laura Phillips “Laurie” Anderson , nasceu em 5 de junho de 1947 em Glen Ellyn, Illinois, diplomada em história da arte e escultura, uma americana que desde os anos 70 vem realizando performances experimentais e artísticas, é também musicista , toca violino e canta musicas experimentais e o que ela denomina de arte-rock. Começou a tornar-se conhecida e popular mundialmente em 1981 com o single”Superman”. Seus temas prediletos dizem respeito à tecnologia e seus efeitos sobre as relações humanas. Casada desde 2008 com o músico Lou Reed e morando em New York, Laurie vêm realizando suas performances, desenhos, dirigindo filmes e acontecendo no mundo das artes contemporânea, e se firmando como uma das mais importantes da cena internacional.
De 12 de outubro a 26 de dezembro, O Centro Cultural Banco do Brasil traz, pela primeira vez ao Brasil, a mostra I IN U-- EU EM TU que faz uma retrospectiva dos quarenta anos da carreira da artista, incluindo as suas mais instigantes realizações , entre instalações (bidimensionais e tridimensionais), fotografias, desenhos, vídeos, músicas e documentações de performances, além de um conjunto de filmes. Uma produção fortemente conceitual, que cria experiências sensoriais
A própria artista, que no Brasil , já colaborou com a revista de arte contemporânea Confraria do Vento editada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou uma semana montando e pintando as paredes do prédio. Visitando uma loja de tintas para paredes no centro da cidade , encontou-se pelos spray e pela variedade de cores.
Laurie mistura sonhos, relacionamentos familiares, pessoais, análises, dores , observações cotidianas e transforma tudo em arte.O ato de contar histórias interliga a mostra. Logo na entrada do CCBB , o visitante se depara com Handphone Table, uma mesa circular na qual o espectadoe apoia os cotovelos e ouve sons transmitidos através da vibração dos ossos. Sons imagens, travesseiros falantes que contam sonhos por meio de buracos invisiveis nas paredes, papagaios falantes, violinos de neon, violinos sonoros , performances em patins de gelo sobre gelo que termina quando o bloco derrete, são histórias e mais histórias, sons diversos, imagens oniricas, sensoriais, uma experiência para os sentidos, transformadora, imperdível...

Fotos:Fabricio Matheus




RELACIONAMENTOS VIRTUAIS




“Para que um bom relacionamento possa continuar de modo agradável, é preciso não apenas suspeitar prudentemente como ocultar discretamente a suspeita.”Sthendal

Você já começou um relacionamento pela internet?Conheceu pessoas nos sites de relacionamentos?Frequenta salas de relacionamentos virtuais? Já levou um fora por e-mail ou no mural do Orkut ou Facebook ?
Atualmente usamos cada vez mais as ferramentas sociais da era digital.Por outro lado ao exibirmos nosso perfil, somos expostos as vezes sem querer a situações que não admitimos e que contrariam nossos quereres.
Paradoxalmente, nos valemos sem preconceitos e com certa simpatia destes meios para encontrarmos nossos pares ou mesmo amigos.A questão é que para quase todos que usam o meio, mais grave que descobertas de flagrante de traição, baixaria, problemas de divisão de bens e qualquer outro tema, é terminar o relacionamento por mensagem de texto , e-mail ou Facebook.
No Blog Desconetado de 24 de outubro de 2010, a repórter Juliana Cunha, trata do assunto , à partir do livro The Breakup 2.0—Disconnecting over New Media(Desenlace2.0—Desconectando-se através das Novas Mídias) de Ilana Gershon, que tenta entender como acontecem os términos de relacionamento na mídias digitais e por que a troca de status nas redes sociais dói tanto. Como desconectar?
Segundo a pesquisa da professora Ilana Gershon, existe um consenso de que nada substitui o olho no olho quando se trata de fim de relacionamentos, mas as pessoas abrem exceções quando não se trata exatamente de uma casamento ou namoro. O problema é que mesmo quem terminou um relacionamento ao vivo, a internet ainda é um campo minado para gafes, descobertas de traições e outros fatos. Seria adequado anunciar aos quatro ventos na rede que você e o se parzinho terminaram ? Seria adequado esperar algum tempo antes de trocar o status de relacionamento?
No dia 05 de novembro de 20101, debate no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, promovido pela Nokia , com a presença de Xico Sá , Bebel Bertuccelli e Contardo Calligaris , a pergunta que não se calou foi a mesma; “Você já terminou ou já terminaram um relacionamento com você via internet ou por mensagem celular?”
Segundo o psicanalista Contardo Calligaris, tende a considerar esse tipo de despedida virtual com certa simpatia.Em geral, aceitamos que para a maioria é mais fácil encontrar alguém no mundo virtual que no mundo real.Na hora da sedução, os tímidos soltem mais facilmente os dedos no teclado do que a palavra num encontro cara a cara. Virtual ou real o encontro inicial é quase sempre um jogo em que se trata de convencer o outro de que somos alguma coisa que nem nós acreditamos ser.Quem prefere teclar talvez se esconda graças à distância, mas quem prefere falar ao vivo não abre sua alma:apenas sua lábia.
Se aceitamos que o virtual facilite a abordagem e as primeiras trocas, por que não deixaríamos que o virtual facilite também as despedidas?
No começo de uma relação amorosa, o virtual talvez sirva para mentir melhor;no fim de um amor ou relacionamento, ele pode ajudar a dizer a verdade, a reconhecer enfim, que uma relação esta continuando apenas como mentira compartilhada.
A dificuldade de encontrar alguém não é maior do que a dificuldade em se separar quando a relação não vale mais a pena. Os tempos de solidão , durante a procura frustrada de um parceiro ou parceira, são tão longos quanto os tempos de solidão de parceiros que vivem sem paixão, sem amizade e , às vezes , no rancor. A insatisfação de quem procura um amor é esperançosa, enquanto a vida dos que não conseguem se separar é resignada.
Um SMS ou um e-mail de despedida podem surpreender quem os recebe, mas só como a revelação de algo que ele já sabia e, por alguma covardia, não confessava nem a si mesmo: ninguém termina virtualmente um amor que não esteja realmente morto. Às vezes a reação de que recebe a mensagem é de que se o outro aparecesse na minha frente, ele teria que se render ao amor que ele ainda sente por mim(ele não sabe, mas eu sei que ele sente).
Toda separação é , no mínimo a perda de um patrimônio comum de experiências e memórias. A dor dessa perda é frequentemente projetada no outro:digo que não posso ou não ouso me separar por e-mail porque não quero machucar o outro, enquanto, de fato é minha dor que quero evitar – com isso , eternizo o declínio da relação e o sofrimento do casal.
A convivência numa relação morta é um limbo confortável:para ambos, uma espécie de trégua do desejo. A separação apavora com a perspectiva de voltar a desejar.
É bom tentar tudo que de para que uma relação vingue. Quando ela não vinga (mais), é bom ousar se separar. E deveríamos agradecer os parceiros que nos mandam um SMS lacônico e brutal. Pois , desprendendo-se, eles nos libertam e encurtam um processo no qual poderíamos perder anos de vida. O quê você acha do assunto?

Foto:Fabricio Matheus
Fontes:Despedidas Virtuais Contardo Calligaris Folha de São Paulo 11 novembro 20101
Blog Desconectado/Estadao.com.br