segunda-feira, 15 de novembro de 2010

NAUM ALVES DE SOUZA , PESCADOR DE PÉROLAS DO TEATRO


P/ Alberto Guzik

Mi par d'udire ancora,
o scosa in mezzo ai fior,
la voce sua talora,
sospirare l'amor!
O notte di carezze,
gioir che non ha fin,
o sovvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno, sogno d'amor!
Dalle stelle del cielo,
Altro menar che da lei,
La veggio d'ogni velo,
Prender li per le ser!
O notte di carezze!
gioir che non ha fin!
o sovvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno, sogno d'amor!
divin sovvenir, divin sovvenir!George Bizet

“A religiosidade é muito mais em relação ao mistério da vida, da morte, dessas coisas sobre as quais a gente não tem certeza nenhuma”N.A.Souza


Semana passada fui ao cinema no Unibanco, antes da sessão fui a livraria e entre os livros da coleção Aplauso Perfil tinha o do Naum Alves de Souza: Imagem, Cena , Palavra escrito pelo Alberto Guzik.Eu adoro ler a coleção, pois sempre se aprende algo da vida dos outros, principalmente eu que adoro teatro.
Felizmente já assisti a muitos espetáculos e posso contá-los como história do teatro. Mas aprendi um pouco mais sobre o Naum, coisas que não sabia como sua formação em artes plásticas com aulas de gravuras na Faap, com Marcelo Grassmann e o Mario Gruber, entre outros.A influência de Chagall nos seus desenhos. E foi na Faap, como professor de artes plásticas para crianças, que o espectador, tornou-se fazedor de teatro.
Não quero escrever aqui sobre o livro, que vale a pena ser lido, como outras biografias da coleção e outros livros do Guzik como as biografias do Paulo Autran. Quero escrever sobre a minha vivência com a obra de Naum.
Acho que o primeiro espetáculo do Naum que assisti foi Nijinsky em 1987,no teatro Cultura Artistica, com o J.C.Violla e a Mariana Muniz no papel de Romola. Fiz dança muitos anos depois com a Mariana. Tinha assistido um filme sobre o Nijinsky- uma história real de 1980 com o Alan Bates. Estava na faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o Nijiinsky me levou ao Rio para assistir Cenas de Outono adaptado dos contos de Yukio Mishima e Dona Doida, um Interlúdio com textos de Adélia Prado e interpretação de Fernanda Montenegro. Tinha acabado de assistir em São Paulo no teatro Bibi Ferreira Lobo de Ray –Ban do Renato Broghi com o Raul Cortez e foi a primeira vez que voe de avião. Lembro-me que tinha uma professora de história na janela e pedi para trocar de lugar pois era minha primeira vez. Fui vislumbrando das nuvens a paisagem de São Paulo ao Rio.
Cenas de Outono , assisti na quinta-feira na sessão da tarde, no Teatro Delfim perto do Jardim Botânico. A peça era um poema, com Marieta Severo, Silvia Buarque e Eduardo Lages, com uma trilha ao vivo com um saxofone, e as folhas secas de outono e o conto da longa espera do amor no porto nunca saiu de minha cabeça. Na mesma noite assisti a Dona Doida, no mesmo teatro. Dona Doida me fez mergulhar para sempre na poesia de Adélia Prado. Assisti novamente em Ribeirão Preto. E vi o show Francisco com o Chico no antigo Palace, atual Citibank Hall.
Como escrevi,nesta época fazia faculadade de Medicina, e tinha um professor de pediatria com o nome Naum Alves, que por coincidência era primo do Naum e interessado em artes e passávamos os plantões discutindo os casos das crianças doentes, com histórias da família e de arte.
Em 1989 vi no teatro Clara Nunes Suburbano Coração, com músicas de Chico Buarque, interpretação de Fernanda Montenegro, Otávio Augusto, Ivone Hoffman e Ana Lucia Torre, quem assistiu nunca se esquecerá de Lovemar, e das canções do Chico regravadas posteriormente.
Assisti nos anos 90 , No Natal a gente vêm te buscar com a Lucélia Santos e Ida Gomes, direção de João Albano. Em 2003 assisti Longa Jornada Noite Adentro de Eugene O’Neill no CCBB com a Cleide Yaconis e o Sérgio Brito. Em 2004 assisti Aurora da minha Vida que vi também em outras montagens não profissionais.
Soppa de letra com Pedro Paulo Rangel, quando descobri pelo taxista que Naum era meu vizinho. Em 2005 assisti a remontagem de Os Pescadores de Pérolas de George Bizet no Municipal de São Paulo e tenho até hoje fresca na minha memória a imagem dos pescadores, mergulhando ao fundo em busca das pérolas. Uma imagem-poesia, daquelas que algum dia queremos ou iremos desenhar numa tela...
Em 2009, assisti a direção de Naum na remontagem de Dores de Amores de Leo Lama com o Otávio Martins e em 2010 vi no teatro Vivo : Sopros da Vida de David Hare com Rosamaria Murtinho e Natalia Timberg. Não assisti muita coisa do Naum, como Pequenas Raposas com a Beatriz Segall, Bailes do Brasil, Um Beijo , um Abraço e um Aperto de Mão, que li posteriormente, assim como outras peças;Mediano do Otávio Martins com o Marco Antônio Pâmio. Queria muito ter assistido a remontagem de Amadeus de Peter Schaffer que vi com o Raul Cortez , direção do Flavio Rangel no Teatro Maria Della Costa.
Agora depois de ler o livro do Guzik, aguardo ansiosamente, para ontem, o livro com suas peças, pois quero ler Aquele Ano das Marmitas. Mas vi também muitas coisas do Naum, às vezes cruzo com ele na rua, comprando DVDs. Às vezes, graças a sua inesquecível montagem, seu trabalho virtuoso, minha alma se enche de luz e poesia e canta:
O Trem de ferro é uma coisa mecânica, mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,atravessou a minha vida , virou só sentimento”A.Prado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário