segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DEUS DA CARNIFICINA/VIOLÊNCIA ATÉ QUANDO....


"A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro"Eça de Queirós


Há 2 semanas escrevo sobre violência e educação.Parece distante mais a violência chega cada vez mais perto de nós. A violência nos atinge todos os dias. Hoje, manchete nos jornais nacionais e internacionais: Jovens de classe média agridem 4 na Paulista;polícia investiga homofobia.
Cinco jovens de classe média- um de 19 anos , um de 17 e três de 16- foram detidos ontem de manhã na Avenida Paulista , sob a acusação de terem agredido três pessoas com socos, chutes e golpes com lâmpadas fluorescentes.Na delegacia foram identificados por outro rapaz, que contou ter sido agredido e assaltado pelo grupo.Duas vítimas disseram à polícia que teriam sido confundidos com homossexuais, e isso teria motivado a agressão.Para o pai de um dos acusados, foi apenas uma briga comum. Para outro, não houve homofobia; familiar do maior, diz que o filho tem pavio curto contra assédio homossexual. Mas isso seria motivo para tamanha violência?
Há duas semanas numa festa do diretório acadêmico da ECA-USP , um casal de homossexuais foram agredidos por um grupo. Deram queixa e foram desculpados publicamente , inclusive pelo grêmio da ECA.
Segundo Ivete Gattás, psiquiatra da infância e adolescência, atos cometidos por jovens em grupo funcionam como ritos de passagem e afirmação perante os demais. Em bando , os jovens se sentem mais poderosos. E isso se agrava quando os pais não são tão participativos na educação e, principalmente na imposição de limites aos filhos.
Em 20/04/1997—Quatro jovens da classe média de Brasilia atearam fogo em um índio pataxó, que morreu.
Em 28/02/2006 – Cinco alunos do Colégio Sion em São Paulo, agrediram um estudante de 15 anos do Mackenzie.
Em 23/06/2006 – No Rio, cinco jovens espancaram uma empregada doméstica após agredir prostitutas, lançar uma garrafa no carro de duas engenheiras e se envolver em brigas na mesma noite.
Em 20/10 /2007 – Um estudante de 17 anos foi espancado por um grupo de 20 punks na Avenida Tiradentes, em São Paulo, sem motivo aparente.
Em 10 /06/2006, horas depois da Parada Gay, o turista francês Gregor Erwan Landouar, de 35 anos, foi morto com uma facada no abdômen, ao sair do Ritz, na Alameda Franca , Jardisn. Ele estava acompanhado de três pessoas . Menos de um mês depois, o punk Genésio Mariuzzi, de 23 anos, apelidado Antrax , foi detido. O rapaz integrante da gangue Devastação Punk , confessou à policia que praticou o crime para descontar a raiva por seu grupo ter perdido uma briga com uma gangue rival. Durante o julgamento, ele afirmou que “deu azar” porque o caso foi amplamente divulgado pela mídia.Ele foi condenado a 27 anos e seis meses de prisão.
Em 17/06/2009- O cozinheiro Marcelo Campos Barros, de 35 anos, agredido após a Parada Gay, teve morte cerebral devido a traumatismo craniano. Ele não estava participando da Parada, segundo amigos, estava apenas passando pelo local. No mesmo ano 44 pessoas foram atendidas na Santa Casa de Misericórdia. Um adolescente de 17 anos teve politraumatismo na face. E 21 pessoas ficaram feridas devido a uma bomba caseira que explodiu na Rua Vieira de Carvalho, tradicional reduto de bares gays na cidade, duas horas depois da passeata terminar.
Estes são alguns casos, há outros e outros que acontecem e se repetem freqüentemente. E não se acham os responsáveis. Onde está o estado de lei? Onde somos amparados pelo Estado?
***15 de novembro de 2010- Por ordem da Justiça, jovens de classe média acusados de atacar três pessoas no domingo vão responder  a processo em liberdade. Os adolescentes responderão, em liberdade , por ato infracional.Único maior de idade do grupo, de 19 anos, responderá, também em liberdade, pelos crimes de lesão corporal, roubo e formação de quadrilha. A classe social interfere no tempo de internação? A Justiça neste caso levou em consideração o respaldo que a familia pode dar ao adolescente, que segundo o juiz , não está vinculado à questão financeira, mas à educação e ao apoio dos pais.O que você pensa sobre o assunto?
***15 de novembro-- Jovem  de 19 anos foi baleado com um tiro na barriga no Arpoador, sona sul do Rio, na noite de domingo , após a Parada Gay na orla de Copacabana. Ele acusa três militares do Exército de abordarem ele e seu namorado quando estavam "dando beijos". Inquérito vai apurar tentativa de homicídio e crime de discriminação por preconceito.
Fotos :Fabricio Matheus



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