domingo, 14 de novembro de 2010

LAURIE ANDERSON: I IN U




Esta noite sonhei que tinha que voltar para Ribeirão Preto. Tinha que voltar a estudar, a morar sozinho, sendo novamente sustentado por meu pai. Foi angustiante, quase um pesadelo , em que eu me via e me sentia impotente, perdendo o que eu já tinha conquistado. Outras vezes já tive sonhos semelhantes de volta aos estudos e provas e testes. O meu eu esta constantemente sendo testado por mim mesmo, por medo do mundo. Como se eu criança voltasse com os meus medos nos meus sonhos de adultos e com os mesmos sentimentos de angústia.
Comecei meu dia e logo esqueci do sonho que de certa forma perturbou meu ser. E fui reencontrá-lo , encontrá-lo, decifrá-lo e compreendê-lo, compreendendo-me na exposição multi-midia de Laurie Anderson : I IN U/EU EM TU .
Laura Phillips “Laurie” Anderson , nasceu em 5 de junho de 1947 em Glen Ellyn, Illinois, diplomada em história da arte e escultura, uma americana que desde os anos 70 vem realizando performances experimentais e artísticas, é também musicista , toca violino e canta musicas experimentais e o que ela denomina de arte-rock. Começou a tornar-se conhecida e popular mundialmente em 1981 com o single”Superman”. Seus temas prediletos dizem respeito à tecnologia e seus efeitos sobre as relações humanas. Casada desde 2008 com o músico Lou Reed e morando em New York, Laurie vêm realizando suas performances, desenhos, dirigindo filmes e acontecendo no mundo das artes contemporânea, e se firmando como uma das mais importantes da cena internacional.
De 12 de outubro a 26 de dezembro, O Centro Cultural Banco do Brasil traz, pela primeira vez ao Brasil, a mostra I IN U-- EU EM TU que faz uma retrospectiva dos quarenta anos da carreira da artista, incluindo as suas mais instigantes realizações , entre instalações (bidimensionais e tridimensionais), fotografias, desenhos, vídeos, músicas e documentações de performances, além de um conjunto de filmes. Uma produção fortemente conceitual, que cria experiências sensoriais
A própria artista, que no Brasil , já colaborou com a revista de arte contemporânea Confraria do Vento editada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou uma semana montando e pintando as paredes do prédio. Visitando uma loja de tintas para paredes no centro da cidade , encontou-se pelos spray e pela variedade de cores.
Laurie mistura sonhos, relacionamentos familiares, pessoais, análises, dores , observações cotidianas e transforma tudo em arte.O ato de contar histórias interliga a mostra. Logo na entrada do CCBB , o visitante se depara com Handphone Table, uma mesa circular na qual o espectadoe apoia os cotovelos e ouve sons transmitidos através da vibração dos ossos. Sons imagens, travesseiros falantes que contam sonhos por meio de buracos invisiveis nas paredes, papagaios falantes, violinos de neon, violinos sonoros , performances em patins de gelo sobre gelo que termina quando o bloco derrete, são histórias e mais histórias, sons diversos, imagens oniricas, sensoriais, uma experiência para os sentidos, transformadora, imperdível...

Fotos:Fabricio Matheus




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