quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O ALHAMBRA






A primeira vez que vi o Alhambra foi no filme Alice e Martin de André Téchinè com a Juliette Binoche e Aléxis Loret. Os personagens em férias no sul da Espanha, visitam e passam pelo espelho d’água do Pátio de Arrayares que surge resplandecente na tela.

O Alhambra, construído quando a dinastia násrida governava Granada, compreende a quatro partes: A Fortaleza Militar de Alcazaba ( a mais antiga construção), o belíssimo Palácio Nazrid( a última criação mourisca), o palácio de verão Generalife e o palácio renascentista de Carlos V.
A combinação mágica de espaço, luz , água e decoração em meio a um labiríntico jardim paradisíaco caracterizam este sensual exemplar de arquitetura, que reina em conjunto esplendoroso no alto da montanha , na encosta íngreme de Cuesta de Gomérez, sobre um mar verde de florestas que se estendem até as casas brancas do Generalife, cercado por muralhas construídas com uma mistura resistente de terra vermelha e pedra, de onde vêm o nome Alhambra, derivação árabe que significa “vermelho”.
O Alhambra sofreu pilhagem e abandono mas foi e é extensamente restaurado, constantemente e tornou-se mundialmente famoso pelo livro Os Contos de Alhambra , do escritor americano Washington Irving, que viveu em suas dependências e foi o primeiro a descrever com enorme sensibilidade , as lendas e histórias deste palácio de conto de fadas.
Começamos nossa visita no Generalife,do lado norte, a propriedade de campo dos reis násridas, significa “ O Jardim do Paraíso Elevado” e o próprio nome revela um aglomerado de jardins suspensos multi-cores emoldurados de verde em meio a fontes e espelhos d’água.
No complexo dos Palácios, passamos pelo Palácio Carlos V, obra de Pedro Machuca, discípulo de Michelangelo, em estilo renascentista com grande pátio circular com colunas em alusão ao império universal, diferente da arquitetura mourisca dos demais palácios, abriga o Museu de Belas Artes e o Museu de La Alhambra.
Mais ao sul e ao alto fica o Alcazaba, a primeira grande obra mourisca, com a Torre de La Vela com sua magnífica vista panorâmica de todo complexo, de Granada, da Sierra Nevada e da extensa planície que se estende à oeste.
Nosso ingresso aos Palácios Nazáries estava marcado para às 17:00horas. Os Palácios construídos por Yusuf I e Mohammed V nos anos 1300, são o requinte da arte mourisca na Espanha. Do Mexuar, passando pelo Pátio del Cuarto Dorado entra-se no soberbo Salão de los Embajadores, com complexa marchetaria de sua cúpula dourada e fabulosas vistas de suas janelas. O Pátio de los Arayanes apresenta uma das mais perfeitas perspectiva do Alhambra, acentuada pelas cercas vivas de sebes de mirta, graciosas arcadas bordadas, salas ao redor que ladeiam e refletem na piscina como espelho junto a imensidão do céu.
O Pátio dos Leones ladeado por arcadas e no centro uma fonte que se apóia em doze leões de mármore. A sala das Dos Hermanas com sua cúpula octognal e delicados muqarnas que parecem estalactites, iluminados pelos raios de sol que entram pelas janelas rendilhadas. A Sala dos Reyes com belas pinturas em couro no teto. O Palácio del Partal com a Torre de las Damas que reflete na superfície cristalina como espectros de cores. Daí para frente jardins e mais jardins...
A visita ao complexo arrebata nossos sentidos e emoções numa profusão de formas , cores, reflexos, luzes, sons de fonte, pássaros, ventos...Jardins infinitos com altas sebes e uma fresca brisa perfumada de rosas, buganvílias, jasmins, meliantos,damas –da-noite,rosmarinos e angélicas.... Saímos enebriados, entorpecidos, tontos com tamanha beleza, criada pelo homem e para o homem. Uma beleza cuja tradução única é a Esperança do homem no homem, na humanidade do homem.



Fotos:Fabricio Matheus e Conor O'Byrne

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