terça-feira, 17 de novembro de 2009

OS CAMINHOS DE GARCIA LORCA





Toda a literatura espanhola está escrita com sangue, com o sangue do povo espanhol... O sangue libertador da morte pela palavra...”J.Bergamín.


“Fuente Vaqueros se llama este pueblo:Fuente que tiene su corazón em la fuente del água bienhechora”.F.G.Lorca



A Huerta de San Vicente, Casa-museu Federico Garcia Lorca em Granada, lugar de memória histórica e literária, é hoje um centro cultural ativo na cidade . Foi a casa de verão da família Garcia Lorca entre 1926 e 1936. Nela Lorca escreveu suas principais obras como Assim se passaram cinco anos (1931), Bodas de sangue (1932), Yerma (1934) e o Divã de Tamarit (1931-1936). O poeta viveu na Huerta de San Vicente nos dias prévios a sua detenção e assassinato em agosto de 1936 , no começo da guerra civil espanhola.
Em 1985, a Huerta de San Vicente incluindo seus quase dois hectares de terra, casas anexas e o mobiliário original conservado em parte passou a ser propriedade municipal , sendo aberto ao público como museu em 1995.
As visitas são guiadas em grupo com hora marcada. Passamos pela sala de estar, sala de piano com um desenho de um Pierrot de Dali, sala de jantar, cozinha com fogão de lenha e água já encanada, o que era raro na época e mostra o poder aquisitivo alto da família que foi a responsável pela instalação da rede elétrica na cidade. Notei que a maioria dos quadros faziam alusão à primavera, entre eles : A primavera de Boticelli, As três graças de Rubens. No dormitório do poeta, está a sua cama à beira da janela com uma colcha de crochê feita pela sua mãe. A escrivaninha onde escreveu suas obras e cartas com a madeira borrada de tinta. Entre os visitantes, estavam duas senhoras espanholas que não sabiam que o poeta era homossexual. A guia informou com toda segurança que o assassinato do poeta foi por questões políticas e não por sua orientação sexual. Hoje, além de museu e da lojinha, há mostras temporárias, concertos, debates, encontro literários entre outras atividades culturais com patrocínio publico e privado.
O museu –casa Natal Federico Garcia Lorca em Fuente Vaqueros, um povoado de Granada, abriu ao público em 29 de julho de 1986, hoje é a principal atração da cidade. O poeta nasceu nesta casa,é um espaço familiar da sua infância e converteu numa referência obrigatória para aqueles que desejam conhecer, não só a paisagem, mas manuscritos, correspondências, desenhos. O arquivo do museu possui entre seus legados documentos de Anna Maria Dali, irmã do pintor e do hispanista Ian Gibson , uma das maiores autoridades sobre a vida do poeta.
Também com visitas guiadas, estava um grupo de estudantes franceses e sua professora de espanhol, percorremos os locais da primeira infância do poeta. A cama onde nasceu, seu berço, seu andador. No jardim , uma cisterna, o busto do poeta junto a parede lateral que dá para a janela de seu quarto. E no fundo no celeiro a lojinha, e o segundo andar para exposições, atualmente com a mostra ;Lorca, o coração do tempo. Há uma sala de vídeos no terceiro andar, onde pudemos ver entre os cartazes de suas peças, o poeta com sua trupe de teatro universitário La Barraca. Ele dirigindo, falando sobre teatro e até representando trechos da Vida é Sonho do Calderon de la Barca. Na rua do fundo uma escola com uma galeria com a Mostra 8 Mulheres de Lorca.
O museu casa da família Lorca em Valderrubio também província de Granada é o local onde o poeta passou a segunda infância e iniciou seus estudos e encontrou seus primeiros mestres que o despertaram para a sua vocação artística futura. Vivendo neste sobrado tradicional construído em 1915, que o poeta se inspirou o Drama A casa de Bernada Alba, dizem que se tratava da vizinha desta casa.Em todas as casas há um piano. Nesta casa museu, têm também espaços para teatro, conferências e foi aberta ao público em 1998, para comemorar o centenário de nascimento.
Em Alfacar, ao norte de Granada, está o Parque Lorca, que se encontra na parte alta do povoado, no manancial de Fuente Grande, rodeado de pinheiros e pela serra de Alfaguara. No parque, seguindo a esquerda, há um monólito junto a uma Oliveira, onde supostamente o poeta foi assassinado e sepultado. Justo na semana que estava lá, no dia 20 de outubro, setenta e três anos depois do assassinato do poeta e anarquistas como Francisco Galadi, Joaquim Arcoles e do maestro Dioscoro Galindo, o local foi fechado e iniciou os trabalhos de escavação nas quatro das seis possíveis fossas , onde os geofísicos localizaram as ossadas. A cidade de Granada estava cheia de jornalistas e especialistas na obra Lorquiana. Os herdeiros do poeta que durante anos opuseram-se a exumação, recentemente mudaram de postura e declaram publicamente que se reservam o direito de identificar os restos de Lorca.


Fotos e Arte:Fabricio Matheus

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