sábado, 14 de novembro de 2009

DESENHOS DE LORCA












Toda a luz do mundo cabe dentro dos olhos” F.G.Lorca

Mas antes de tudo canto um comum pensamento
Que nos une nas horas escuras e douradas.
Não é Arte a luz que nos cega os olhos;
É primeiro o amor, a amizade ou a esgrima.” F.G.Lorca

Veste e desnuda sempre o teu pincel no ar,
Ante o mar povoado com barcos e marinheiros”F.G.Lorca

O quê mais me comove em São Sebastião e a sua serenidade em meio a sua desgraça. A desgraça é sempre barroca. Essa carência absoluta de resignação que ostenta seu rosto helênico, faz dele a figura mais bela , senão de toda a arte, da arte que se vê com os olhos.”F.G.Lorca.

Lorca causou em mim uma tremenda impressão . O fenômeno poético, na sua totalidade e em “carne viva”, surgiu, subitamente , diante de mim, como carne e ossos, confuso, injetado de sangue, viscoso e sublime, vibrando com mil fogos de artifício e de biologia subterrânea, como toda matéria dotada da originalidade de sua própria forma. Quando sentia o fogo incendiário e comunicativo da poesia do grande Federico elevar-se em loucas labaredas desgrenhada, tentava afagá-las com o galho de oliveira de minha prematura velhice sem fausto, enquanto preparava as grelhas do meu prosaísmo transcendente sobre as quais, ao chegar o dia, quando permanecesse as áscuas brilhantes do fogo inicial de Lorca, eu chegaria para assar os cogumelos, costelas e sardinhas do meu pensamento... para satisfazer, por uns cem anos, a fome espiritual, imaginativa, moral e ideológica de nossa época” Salvador Dali.

Federico Garcia Lorca, foi poeta, ator , dramaturgo, diretor teatral, i músico cujo currículo passou interpretações clássicas ao piano, principalmente, dos românticos Beethoven e Chopin e além disso pintor.
Desenhava quando criança, desenhos que às vezes acabariam bordados nas almofadas de sua casa ,pelas tias e irmãs. Como na poesia e em tudo, guardava seus impulsos criativos antes de dar-lhes forma definida, para que amadurecessem com o fogo estético da força da vontade de aprender.
Com lápis de cores, desenhou estampas, ilustrou poemas, cenários e figurinos. Expôs no verão de 1927 seus desenhos na Galeria Dalmau em Barcelona, antes de passar umas semanas com Dali em Cadaqués.
Nos seus desenhos expressa de maneira poética, o mesmo drama, que carregava dentro de si e não sabia defini-lo, somente expô-lo em forma de arte, tragédia, teatro , poesia. E sentir sua tristeza como um presságio. A trágica tristeza que sustentava as suas paixões fundamentais: - O Amor e A Morte.
Sentia a tragédia da morte, mas sua poesia transcende sensualidade e estas duas paixões caminham juntas. Inquietudes autênticas do coração, da carne, do pensamento. A poesia de Lorca fluí como um manancial refletindo em pequenos brilhos estrelares a luz solar universal na superfície cristalina d’água.Um brilho que nos cega a retina e dói na alma.
Lorca teve uma imensa capacidade sensitiva para tudo e todos ao seu redor. Não somente captou, percebeu, sentiu, mas transformou e excedeu a recepção dos sentidos. Lorca deduz as cores, ouve os sons, adivinha as formas, cria sobre o real o que o apercebe. Os seus temas são episódios da vida, de uma simples palavra, de uma frase que ouve do linguajar do povo, escreve um poema, canta uma balada, desenha e tece versos de ouro. Ouro extraído do material vivo da terra. Não inventa, por quê é esta mesma realidade que o atraí, o seduz e o subjuga, fazendo assim desta realidade uma ficção , que leva sempre ao âmago amargo e triste da verdade. Por quê a ficção não é a essência. A essência é a Vida.

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