O romance Santa Evita do escritor argentino Tomás Eloy Martinez se desenrola entrelaçando a biografia de Evita e a peregrinação da ficção insólita de seu cadáver embalsamado. Um romance povoado de personagens reais que vai sendo tecido com diferentes níveis de linguagem em contextos distintos da ficção à realidade e ao texto biográfico.
O autor, após investigar profundamente e ouvir versões e invenções sobre o destino do corpo de Evita, constrói com palavras um livro que faz jus às assustadoras aberrações dessa história verdadeira, como é escrito na contra-capa, é uma obra de grande fôlego , que se deixa ler ora como tragédia, ora como gigantesca comédia de humor negro.
Em sua descrição da perambulação do corpo embalsamado pelas ruas de Buenos Aires, há uma passagem cheia de poesia quando entrevista Yolanda, mulher acabada pelo tempo, corroída pela vida , de ancas largas, filha do dono do cinema onde o cadáver de Evita ficou por meses e ela quando menina brincava achando se tratar de uma boneca. Chamava –a de pupê, pupecita e lhe contava os filmes assistidos por trás da grande tela. O primeiro filme foi Viva Zapata de Elia Kazan com Marlon Brando ... “com aquele final tão triste e bonito do cavalo branco que galopava pelas montanhas como se fosse a alma de Zapata, enquanto as pessoas do povo dizem que ele não morreu.” – “ Eu amei aquela boneca como só se pode amar a uma pessoa.”
Esta é uma das muitas histórias deste livro intrigante de ótima leitura que certamente proporcionará bons momentos.
Tomas Eloy Martinez escreveu , entre outros livros, A Soberba, o vôo da rainha da coleção os 7 pecados capitais. Seu último livro chama-se O Purgatório, narra os dilemas de um exilado político nos Estados Unidos.
Esse mesmo jogo de misturar ficção com realidade, Martinez faz em O Voo da Rainha com maestria, prendendo a atenção do leitor do começo ao fim da história.
ResponderExcluir