quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CORA CORALINA


“ A vida tem duas faces:
Positiva e Negativa
O passado foi duro
Mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria.
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
Dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
Lutas e pedras
Como lições de vida
E delas me sirvo
Aprendi a viver”

Ressalva

Este livro foi escrito
por uma mulher
que no tarde da Vida
recria e poetiza sua própria
Vida.
Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.
Este livro:
Versos...não
Poesia...não.
Um modo diferente de contar velhas estórias.

Não sei...
Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

O museu da língua Portuguesa na estação da luz , faz justa homenagem a esta poetisa , revelada ao Brasil por Carlos Drummond de Andrade. Cora Coralina goiana como eu, viveu doceira à beira do seu fogão de lenha onde sonhou e escreveu seus poemas. Quando criança em uma das excursões da escola ,visitamos  Goiás Velho e sua casa. Ela estava viva e nos recebeu  , falante , fazendo nos degustar seus doces como delicados poemas ao paladar. De lembrança desta viagem, além de sua imagem, ficou um imã na geladeira com sua casa pintada em porcelana branca na casa de meus pais, onde passei minha infância.
Depois voltei umas três vezes a Goiás Velho. A última vez foi uma decepção , a cidade estava suja, descuidada, ao léu. Fiquei num hotel azul em frente a casa da ponte , amanhecia de frente para a sua morada .
Cora lembra minha querida avó Alzira, cozinheira como a poetisa, como cozinhava bem. Analfabeta, mal sabia ler e escrevia seu nome com orgulho, um A maiúsculo , com uma volta e a letra torta para a direita. Morreu cozinhando à beira do fogão.Seu poema Ode ao Milho é minha avó fazendo pamonha, curau, broá de milho, milho verde...
Não percam a doçura em versos desta personalidade que muito merece esta exposição.








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