domingo, 9 de janeiro de 2011

HEREAFTER/ALÉM DA VIDA


Você acredita em vida após a morte? Você já teve alguma experiência com o além? Ou Você é daqueles que pensa que depois da morte é o “Buio”, explico , o nada , a escuridão , o fim... Mudando de assunto: Você gosta de cinema?
Independente das respostas às questões. Vá assistir Hereafter, aqui Além da Vida dirigido por Clint Eastwood, com atuação precisa de Matt Damon, Cécile de France e os gêmeos ingleses Frankie e George McLaren.
O filme que começa com a cena assustadoramente real do Tsunami, e na qual Matt Damon é um vidente que tenta se livrar dos seus poderes e viver uma vida real, presente. Cuja história se encontra com a da jornalista francesa que foi vítima do Tsumani, vivência a morte por alguns segundos, à partir desta experiência, repensa a sua vida e carreira. E os gêmeos londrinos, criados pela mãe drogada, vítimas de outra fatalidade .
Clint aos 80 anos, se mostra em plena forma, conta nos a história de maneira hábil, sem demagogias , ou dogmatismos panfletários, conseguindo emocionar. O roteiro de Peter Morgan, segundo meu amigo faltou um final, que acho que foi de propósito, como o próprio tema, para que pensemos a respeito . A produção do filme é do já consagrado Spielperg, que se tornou famoso com a história do E.T. , falando de vida e fraternidade extra-terrestres. A música é do próprio Clint , discreta, que chega a parecer um filme sem música, mesmo nos momentos dramáticos como a devastação do Tsunami. O resto você têm que conferir ...
O filme têm muito com minha vida, exerço a medicina, o que não deixa de ser um dom. Estou constantemente separando minha vida pessoal, do “poder” do dom, ou do Professional. Aqui uma dica, releio sempre o conto “O Espelho” de Machado de Assis.
Venho de uma família de católicos, que se tornou espírita. Tenho uma educação nas duas doutrinas e considero-me um espiritualista. De certa forma, encontrei um Deus universal dentro de mim. Engraçado, como sempre , gostei de fantasia, conto minha vida como um filme. Minha culpa e minha religião, entraram em paz comigo mesmo após uma viagem que fiz a Índia e para mim, iluminei-me à beira do Ganges no ritual de fogo que vivenciei a música universal e no nascer-do-sol em que me fundi a natureza divina. Isto poderia ter acontecido em qualquer lugar, debaixo da goiabeira, mangueira ou jaboticaberia do quintal de minha infância.
Antes desta experiência na Índia, tive várias outras comunicações em centros espíritas, com videntes. Inclusive uma me disse que seria médico , quando jamais pensará em Medicina.
Acontece que o que se passou comigo na Ìndia, de certa forma mudou minha vida, diminuiu minha culpa católica e voltei diferente. Logo em seguida a minha volta, fui vítima de um seqüestro relâmpago, na véspera dos dia da mãe. Minha família viria passar o segundo domingo de maio comigo.
No ínicio do incidente, digo, do seqüestro, estava estacionando meu carro em frente a Sede dos Sedes Sapientia na PUC em Perdizes, onde fazia um curso de formação em Psicanálise. Eu que nunca tinha brigado, escutando mantras... comecei a lutar com meus algozes seqüestradores. De repente tive uma visão por milésimos de segundo que antecedeu a coronhada em seguida na minha cabeça meu sangue se espalhar por todo o carro.
Eu vi claramente, neste infinitésimo segundo, meu velório.Estava no caixão coberto de rosas e tule branco, num terno preto. A tradicional coroa dourada com a cruz e o cristo e os candelabros com grossas velas acessas. Duas coroas de flores de crisântemos brancos e amarelos, alguns conhecidos e minha mãe debruçada sobre meu corpo morto em prantos. Do lado esquerdo, meu pai amparado por minha irmã.
Aquela visão tão clara do meu futuro, mudou subitamente a energia do meu corpo. E eu comecei a lutar pela minha vida. Comecei a falar em Deus, pedi perdão e enfim fui salvo.
Chegando em casa após experiência traumática, tudo me pareceu estranho, eu mesmo ,era um estranho. Mas com todo o pânico, consegui resolver algumas questões burocráticas, como o roubo do carro, boletim de ocorrências, exame de corpo delito. Mas eu estava em choque,imune como uma rocha. À noite, apaguei as luzes do apartamento, acendi uma vela e meditei no espelho, foi quando tive uma forte visão de meu corpo em chamas e do fogo eu renascendo de novo. Só aí , consegui chorar compulsivamente. Depois com a ajuda fraterna de meu terapeuta o Vlad que me mostrou sua cicatriz abdominal , vítima que fora de outra violência e com a ajuda da família, amigos, do trabalho, florais de Bach e tudo que me era oferecido fui voltando a minha vida normal. Fiquei anos sem passar pelo local do acidente. Mas, hoje, quando penso no assunto , prefiro acredita no que disse minha amiga que conheci na Índia:- Foi a FORÇA DE SHIVA.
No meu trabalho diário, convivo com dores, histórias vivas em carne e osso de pessoas que vão e vêm , que perdem entes queridos e se perdem. Isto é uma dádiva, que consigo não deixar transformar em pesadelo.Com toda formação católica e espírita, conhecendo a doutrina, prefiro não acreditar nas ordens dos anjos, ou do mundo espiritual que reza a doutrina de Alan Kardec. Acredito em algo forte que creio dentro de mim, talvez posso chamá-lo Deus e acredito que há algo sim, ainda não sei, mas há algo além da vida....

Arte:Fabricio Matheus
Foto 3:Metro de Paris /Fabricio Matheus


Um comentário:

  1. Pois é, também cresci na doutrina católica, mas cheguei à conclusão "racionalmente", i.e., prefiro crer que há uma força maior, não responsável por minha vida, meu amanhã (aqui acho que Marx é que esta certo), e que somos uma criação boa demais para ter uma duração tão curta. Aliás há indivíduos tão especiais que devem ser a coroação de um processo de refinamento. E sempre digo: tudo está lá dentro, de um jeito ou de outro.
    Tenho vários amigos que migraram entre crenças, o que acho admirável e corajoso.
    Lindo texto, como sempre. E as fotos também.

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