terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O JARDIM DE ESCULTURAS DO PARQUE DA LUZ


"O maior pecado contra nossos semelhantes não é odiá-los, mas ser indiferente a eles: esta é a essência da desumanidade."B.Shaw

Estou estudando fotografia. No momento estou lendo a biografia de Cartier-Breson, um dos maiores fotógrafos do século XX, que com sua Leica, deixou registradas memórias e história. Fazia tempo que queria fotografar as esculturas do Parque da Luz. Lembro de uma foto preto e branco de minha avó, da tia Carolina, meu pai pequeno no parque e outras memórias.
Estas fotos são tudo o que eu não quero registrar. Elas são belas e escondem a realidade da região onde abriga o mais visitado museu de São Paulo, uma das mais belas estações de trem da cidade, o museu da língua Portuguesa, uma das mais modernas salas de orquestra do mundo e uma das áreas com maior subdesenvolvimento humano da cidade.
A região que abriga a cracolândia é povoada da mais ordinária miséria humana: -- Prostitutas perebendas com suas feridas em carne viva, mendigos bêbados caídos ao léu, jovens drogados cambaleantes e falando coisas desconexas e muito mais do pior do homem e de suas misérias, suas dores.
A sub-prefeitura da Sé, responsável pela região, os políticos, gente da mídia, deveriam passear pela região que escancara a miséria humana em carne viva e sangue ao sol do meio-dia.
As autoridades e políticos deveriam não só assistir os concertos da Sala São Paulo, ou visitar as exposições de arte , mas andar e humanos pelo local.
Futuramente quero fotografar em preto e branco os personagens vivos desta penúria humana, para registrar o inominável que me tocou profundamente no mais humano do meu ser. Acostumado a conviver com a dor, a doença, os limites do ser... o quê vi hoje, é tão grave como as moléstias diárias que convivo e devastam o homem.É doloroso, inumano , inaceitável e vergonhoso ver um semelhante no limite do nada.

Fotos:Fabricio Matheus

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