domingo, 5 de dezembro de 2010

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA




Temos uma responsabilidade ! Este momento! Sempre achei algo notável na DEMOGRACIA. O fato de sermos convocados pelo correio para virmos até aqui decidir pela inocência ou cupla de um rapaz do qual nunca ouvimos falar. Não temos nada a perder ou a ganhar com o nosso veredicto. Essa é uma das razões pelas quase somos fortes.Não devíamos fazer disso algo pessoal.”

“Os advogados não são infalíveis...”

“Tenho uma dúvida razoável?” trechos da peça Reginald Rose


O teatro é do ator.Definitivamente, um bom texto, uma boa produção, uma boa direção ajudam; mas o teatro é do ATOR. Isto está claro na montagem Doze Homens e uma sentença em cartaz no CCBB em São Paulo com direção de EduardoTolentino de Araújo. Seu grande mérito montagem do texto de Reginald Rose , escrito para a televisão , três anos depois em 1957 , chega ao cinema dirigido por Sidney Lumet, estrelado e produzido por Henry Fonda e apenas em 1963 estreou no teatro, com extraordinário sucesso. Desde sua estréia , há mais de 50 anos, esta história, com texto atual , vêm inspirando grandes artistas, em várias áreas da dramaturgia, em diferentes lugares do mundo, por provocar nos outros, revelações, sentimentos e idéias que possivelmente o autor jamais imaginou existir ao escrever para a televisão, como disse Arthur Miller a respeito da questão do domínio e do controle que um autor tem sobre sua obra.
Assisti a peça com o texto fresco na mente, pois revi o filme há poucos dias e pensei erroneamente que a encenação seria chata e  mesmo ultrapassada.
Fui pelos atores, senti falta do Zécarlos Machado, que está fazendo um trabalho elogiadíssimo na peça de Sam Shepard “Mente e Mentira” agora em cartaz no Rio na Casa de Cultura Laura Alvim. Mas o elenco de DozeHomens com Brian Penido, primórdios do Tapa, Ricardo Dantas, Génezio de Barros, Oswaldo Mendes, Augusto César, Marcelo Pacífico que produziu e atuou recentemente no espetáculo A mão na Luva de Oduvaldo Vianna Filho, André Garolli, ator e diretor da trilogia do Mar de Eugenne O”Neill, Norival Rizzo no papel de Henry Fonda e em cartaz com O Homem das Cavernas de Rob Becker e direção de Alexandre Reinecke no tetaro Procópio Ferreira, José Renato; fundador do Teatro de Arena , história viva do teatro nacional , novamente como ator, Riba Carlovich que brilhou na peça Toc –Toc, Eduardo Semerjian, Ivo Müller e Fernando Medeiros, emocionaram –me como só o teatro consegue fazer .
Génezio de Barros no seu monológo final não só a mim , mas certamente, arrancou lágrimas de meia platéia, provando-me que estava errado previamente com meu julgamento por ter assistido ao filme e mudou a minha decisão como mudou a decisão dos personagens.
 Tolentino soube dirigir como mestre e como o tempo lhe ensinou. O texto, cenário, figurino, iluminação são todos pretextos para que os atores excerçam seu ofício maior : Representar e contar-nos com veracidade e fúria uma história: -A nossa história. Sendo assim , o diretor deixou o palco para que esta história em particular , fosse contada com talento , precisão e emoção pelo grupo de atores que agregou.
Como disse a Veja São Paulo: é o melhor espetáculo do ano. Texto atual, político , sério e luminoso. Saímos do teatro pensando , iluminados pelo que o grupo de atores em consonância nos oferece.Saímos com DÚVIDA, uma dúvida salutar, uma dúvida imprescindível para o ser humano, talvez a própria dúvida que nos constrói, nos constituí e que nos torna mais humano como o próprio teatro.

Reescrito: Somos convocados a votar na Democracia, para decidir quem irá nos governar.Essa é uma das razões pelas quais somos forte.

Fotos:Divulgação do espetáculo.




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