segunda-feira, 19 de julho de 2010

INHOTIM



Inhotim é um centro cultural que reúne um dos principais acervos de arte contemporânea mundial e uma coleção botânica de grande diversidade e espécies raras. Idealizado pelo empresário Bernardo Paz em meados da década de 1980, com colaboração paisagística de Burle Marx - O centro cultural foi inaugurado em 2004, quando começaram os serviços e a construção da infra-estrutura básica sendo aberto ao público em outubro de 2006. Inhotim é uma entidade privada, sem fins lucrativos e qualificada pelo Governo do Estado de Minas Gerais como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público(Oscip).
O Instituto Inhotim, museu de arte contemporânea , é constituído por uma sequência não linear de pavilhões em meio a um parque ambiental, reunindo obras de arte a céu aberto, galerias e um acervo com cerca de 500 obras, com foco na arte produzida nos anos 60 até nossos dias; com pinturas, esculturas, desenhos, fotografias , vídeos e instalações de renomados artistas nacionais e internacionais. O parque tropical com diferentes e inúmeras espécies de flora, uma da maiores coleções botânicas do mundo, com espécies tropicais raras e uma reserva florestal que faz parte do bioma da Mata Atlântica, espalhadas pelos jardins e emoldurando cinco lagos ornamentais. Nascido para ser um local de produção de conhecimento artístico, à partir do acervo físico e botânico, com o desenvolvimento de ações sócio-educativas, pesquisas e produção artística.
Localizado no interior de Minas, no município de Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, aproximadamente 1hora e 15 minutos de viagem , com trecho bem sinalizado, belas paisagens e vistas panorâmicas. Às vezes, com algumas intercorrências, como no dia de minha visita, uma árvore bloqueou a estrada principal de acesso. Tive que fazer uso de um desvio pelas propriedades rurais locais, atravessando córregos d’ água o que deu um sabor de rally e aventura ao passeio.Há um ônibus da rodoviária de Belo Horizonte que sai às 9 horas e retorna às 16hrs, direto para o local.
Os principais pavilhões abrigam exposições permanentes de Tunga, Cildo Meireles, as esferas metálicas de prata polida como ninféas de Yayoi Kusamna, esculturas paredes coloridas de Hélio Oiticica próximas das agaves polvo que brotam do jardim `a margem do lago, Almicar de Castro num canto verde como um igarapé.A impressionante galeria da Adriana Varejão , projeto de Rodrigo Cerviño Lopez, a casa alva de Rivane Neuenschwander, que apesar do nome é mineira, com bolinhas de isopor que movem como nuvem formando imagens diversas . O pavilhão branco vertiginoso da colombiana Doris Salcedo.
Instalações sensoriais nas quais se destacam “O som da Terra” de Doug Aitken, cuja obra consiste numa instalação sonora localizada num pavilhão com formato circular de vidro. No centro do pavilhão, num furo no solo de 200 metros de profundidade, foram instalados microfones de alta sensibilidade, que captam diferentes freqüências de som. Os ruídos do interior da Terra são amplificados dentro do prédio, trazendo à superfície indícios de uma realidade quase sempre inimaginável. Localizada no alto de um monte , numa área de expansão de Inhotim, a obra permite a visão de uma vasta paisagem de mata.
A de Matthew Barney , artista americano, conhecido por ser esposa da cantora Björk, com um apelo ecológico, num fosso da mata. destacam-se entre os trabalhos de Steve McQueen e Olafur Eliasson entre outros. As veredas podem ser desvendadas à pé ou pelo serviço de transporte interno. Preste atenção nas placas pelo caminho que identificam as inúmeras espécies de plantas e nos horários das visitas temáticas, nas visitas panorâmicas e dos vídeos.
O Instituto têm uma infra-estrutura e equipe técnica de primeiro mundo, com toaletes, bares e lanchonetes espalhados pelo parque . E um restaurante principal , que deve se fazer reserva antecipadamente. Nos locais centrais próximos à recepção a integração entre arte e meio ambiente já se faz de maneira natural , o que não acontece com, os locais mais distantes e em construção, como a obra do americano Chris Burden que parece um monte de paus fincados na terra no fim do mundo ainda sem coerência e harmonia com o espaço.
Na introdução do livro Through:Inhotim, Através ou Penetrando no sentido de Conhecer : Inhotim, que na loja só tinha exemplares em inglês . Bernardo Paz, destaca o papel da instituição no desenvolvimento cultural da região, agradecendo a comunidade local, as escolas e o departamento de educação do município de Brumadinho e as instituições de ensino secundário do estado de Minas Gerais, destacando a Universidade Federal e a Pontifícia Universidade Católica, pelo reconhecimento da Instituição como um centro de conhecimento, transformação e desenvolvimento humano e cultural da região.
A visita à Inhotim vale a pena . E deve se explorar o complexo cultural por pelo menos um dia. Valeu a pena , gostei , mas não me senti  tão estimulado a voltar. Em nenhum momento vi algo novo, ou senti em minha alma uma catarse que fizesse voar ou desaparecer por segundos que acontece quando uma obra toca nos profundamente. Inclusive não ouvi nenhuma melodia, apesar dos inúmeros pássaros em meio aos tropicais jardins. Este fato me fez pensar no por quê  disto;em meio a  tanta beleza que é e há em Inhotim.
 Hoje, posso dizer, e quero crer que  Inhotim cumpra seu papel como ARTE no sentido grandioso da palavra e realmente promova no decorrer dos anos uma harmonia mais natural entre os pavilhões,a arte e a natureza local.
Outro fato que me chamou atenção foi a de que os jovens motoristas dos pequenos veículos que realizam o transporte interno eram mais felizes e espontâneos, que os jovens que ficam nas portarias dos pavilhões e repetem ainda como papagaios as informações e frequentemente esquecem os difíceis nomes dos artistas estrangeiros, tendo que reler as placas externas. Aí sim , notei um abismo entre a Arte em exposição e o local. Para muitos, depois de passada a informação decorada,  perguntava o que aquilo significava para eles( claro , que além do emprego) . E eles , como bons mineiros respondiam somente :É.... e o resto era silêncio!!!!!.
O tempo será senhor nesta transformação. Os monitores têm que ter uma vivência maior com a Arte, no sentido de conhecimento que lhes penetre a alma.Fazendo arte, sendo arteiros, sentindo e exprimindo, com os olhos , a alma, a dança do corpo os tesouros dos pavilhões dos quais são guardiões: -  Com oficinas de arte, discussão , teatro e sugiro que eles se alternem nos pavilhões. Assim,  este abismo pode facilmente ser extinto com o tempo.É da responsabilidade da instituição promover está educação transformadora, por meio de experiências à estes jovens, que com certeza multiplicarão seus conhecimentos e suas vivências a um número cada vez maior e de forma cada vez mais natural e voluntária.
Espero voltar a Inhotim, talvez daqui dez anos, e ver estes guardiões desenvoltos, brincando e sorrindo. Transformados por estas obras e este jardim encantado.
 Antigamente morava na região um fazendeiro, gringo, com nome de Tim. No interior das Gerais e de Goiás , senhor é inhô, e juntando os dois, virou terras de Inhotim que dá o nome ao local. Espero de coração e alma, diante de tanta beleza,que esta natureza e  obras de arte, realmente transforme para melhor o Humano da região e de cada visitante  e não seja somente como dizia minha caipira e finada avó inhá Zira: “Coisa pra Inglês vê”...

Dicas:
-Mensalmente a Fundação Ema Gordon Klabin de São Paulo, oferece uma excursão guiada pela Professora de filosofia e arte da USP Paula Braga, com aulas e discussões incluídas.
Sites:

Fotos :Fabricio Matheus



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