terça-feira, 6 de julho de 2010

ALZHEIMER


Uma doença pode ser intratável, mas o paciente não.”


Um dos segredos e mistério da medicina ao longo dos anos de sua prática foi a humanidade que aprendi com a dor dos outros, com a escuta do outro. Isto é o que me torna também mais próximo do outro , de mim e  me faz mais humano.
No sábado do dia 3 de julho, o Jornal o Estado de São Paulo na página A24 traz o depoimento do Dr. Arthur Rivin, clínico geral e professor emérito da Universidade da Califórnia sobre o Alzheimer, onde conta o processo de desenvolvimento da doença , dos sintomas ao diagnóstico, e como sua rotina mudou. Foi um dos textos mais humanos e científicos que já li sobre o assunto.
O Alzheimer, é uma doença degenerativa, até o momento incurável e terminal, geralmente por outras complicações decorrentes da mesma, por exemplo, a pneumonia. Descrita em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, que estabeleceu os primeiros elos , entre a demência d a presença de placas e emaranhados de material neurofibrilares. A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos, embora seu diagnóstico seja possível em pessoas mais novas. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer nos EUA dobre até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde , em 2006, o número de portadores era de 15 milhões.
Sabe-se hoje, que é o acúmulo de uma proteína chamada beta-amilóide nas células cerebrais que provoca uma degeneração neuronal que caracteriza a doença.
Os sintomas da doença são divididos em quatro fases: Na primeira fase sintomas muitas vezes relacionados com o envelhecimento e estresse. O sintoma primário mais notável é a perda de memória a curto prazo(dificuldade de lembrar fatos recentes), perda de atenção, flexibilidade no pensamento, apatia, desorientação no tempo e espaço, a pessoa não sabe mais o dia, mês ou ano.
A segunda fase, já caracteriza um demência inicial, dificuldade de linguagem , como diminuição do vocabulário, fala lenta, perda de alguns movimentos e dificuldade de coordenação . O paciente pode parecer desleixado ao efetuar tarefas simples como escrever, vestir...
Na terceira fase a degeneração progressiva dificulta a independência .Progressivamente o paciente vai perdendo a capacidade de ler, escrever e já não é capaz de fazer as mais simples tarefas diárias. O paciente já não reconhece os seus parentes. São comuns apatia, irritabilidade, instabilidade emocional, choro, agressividade inesperada , resistência a claridade e incontinência urinária.
Na quarta fase o paciente esta totalmente dependente das pessoas, pode perder a fala, apatia extrema, cansaço, degeneração da massa muscular . Esta fraqueza excessiva deixa o paciente a mercê de infecções, desidratações e etc que acabam levando à morte.
O diagnóstico além dos testes de memórias é feito com 95% de precisão pela tomografia computadorizada que detecta uma atrofia cerebral devido a perda neuronal específicas em determinadas áreas.
O tratamento visa confortar o paciente e retardar o máximo possível a evolução da doença. São usados inibidores da acetil-colinesterase e inibidores de receptores do glutamato, que funcionam como limpadores desta proteína que degenera os neurônios. Estas drogas têm muitos efeitos colaterais, como diarréia e perda de apetite. Com o uso contínuo estes efeitos podem diminuir e mesmo desaparecer. Infelizmente ainda, em muitos pacientes, esses remédios não surtem nenhum efeito.
Apesar de não confirmação cientifica , a prevenção parece retardar a evolução da doença. Fatores como dieta, inclusão de frutas , vegetais , pão, trigo e outros cereais, azeite , peixes e até vinho tinto, podem reduzir o risco . Algumas vitaminas como a E, C ,B12, B3 e B9. Especiarias como a curcumina e o açafrão.
O risco cardiovascular, alto colesterol, hipertensão, diabetes , tabaco, uso a longo prazo de anti-inflamatórios estão associados com maior risco de desenvolvimento da doença.
Atividades intelectuais como ler, escrever, jogos como xadrez, damas, palavras cruzadas, tocar instrumentos musicais, pintura, socialização regular podem atrasar o ínicio e a gravidade do Alzheimer.
O Dr. Arthur Rivin , tinha antecedentes coronarianos e dois pequenos derrames cerebrais, que o seu neurologista associou a perda de memória inicial , retardando o seu diagnóstico de Alzheimer.Mas à partir de sua melhora clínica, começou a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas semelhantes ao seu como:
 -Tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde. Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa repita e então escreva. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.Pratique jardinagem, faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize seu dia.Adote uma dieta saudável, que inclua peixes duas vezes por semana, frutas , legumes, vegetais, ácidos graxos e ômega3.
Não se afaste dos amigos e da família. Certifique-se dos documentos que necessite examinar e pendências como testamento e deixe recomendações por escrito. Procure assegurar que aqueles que o amam saibam dos seus desejos.

Foto: Conor . O'Byrne, Horizonte com a Suécia ao longe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário