terça-feira, 28 de setembro de 2010

MANGA ROSA



No quintal de minha casa tinha uma mangueira que florecia em setembro e dava frutos em novembro, quando o quintal ficava todo cheirando doce. Estava sozinha no quintal à sombra da mangueira a procura de seus frutos. Apanhei a mais rosa e amarela que meus olhos puderam alcançar.
Com os dentes fui tirando primeiro a casca. Depois mordi a polpa amarela , dulcíssima cujo suco escorria entre a minha boca. Eu fazia uma força sem força para segurar a manga e a sua maciez fazia cócegas em meus dedos. O calor me fazia suar e de repente vinha um vento que balança as folhas, derrubava uns frutos e me fazia arrepiar.
O suco da fruta foi escorrendo entre os meus seios e minha pele se eriçou. Meus mamilos endureceram e eu senti que meu sexo pulsava. A cada mordida , eu tremia e sentia um prazer que ainda não tinha me permitido sentir. Passava devagar a fruta e os dedos nos meus lábios e no meu pescoço que se tingia aos poucos de diversos amarelos.
Meu vestido era leve e eu estava sem sutiã. Fui levando a fruta entre os meus seios e a deixei ali por um momento enquanto minha mão direita subia lentamente pela minha coxa direita.
O sabor da manga e seu sumo doce e perfumado vindo do meio dos meus seios e minha mão direita chegando lenta no meu sexo me deixaram tonta e ofegante. Tudo em mim ardia e tudo exalava como o odor da fruta , da árvore e de tudo que era vida naquele quintal. Fiquei com medo de que alguém me pudesse ver e ao mesmo tempo este medo e esta possibilidade de ser descoberta no meio da descoberta do meu desejo me deixava mais excitada e me dava vontade de gritar.
Girei com a manga entre meus seios e os braços abertos para o céu e o sol até cair sôfrega na terra e achar na queda um lugar que eu me pusesse inteira. Com a mão esquerda fui empurrando a fruta escorregadia pelo meu ventre e inundei meu umbigo.Com a mão direita a trouxe de volta a boca e mordi sem me importar com os fiapos que ficavam entre meus dentes e mantinham prolongado o sabor da manga.
Minhas mãos se perderam no meu corpo e acho que gritei e depois adormeci por uns instantes como se tivesse desaparecido num sonho e voltado do mesmo. Eu olhei ao redor e tudo pareceu-me com mais vida e cor. Ali debaixo da mangueira, naquele verão , no quintal de minha casa, eu descobri não só o meu desejo, mas o que é ser mulher.

Arte:Fabricio Matheus

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