segunda-feira, 20 de setembro de 2010

INDEPENDÊNCIA OU MORTE




“OUVIRAM DO IPIRANGA AS MARGENS PLÁCIDAS...”Hino Nacional

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.”Hino da Independência


Minha memória mais antiga sobre o museu da Independência são as fotos em preto e branco no album de minha avó Ana. Só vim a conhecer o museu na minha adolescência , quando mudei-me para São Paulo. Não só o conheci , como ia toda semana. Fiz um tratamento com uma fonoaudiológa , e seu consultório era ao lado do museu. Minha prima estudava piano na Unesp que ficava atrás do museu. Assim uma vez por semana, ia de carona com a minha prima , e às vezes passava à tarde no museu até a hora de minha prima voltar. Assim tinha lugares que eram só meu no museu e no parque.
Depois fiquei anos sem visitar o museu, e só retornei quando reformaram seu jardim e suas fontes de águas inspiradas nos jardins dos palácios portugueses voltaram a funcionar. Retornei ao parque para assistir uma apresentação ao ar livre do grupo Galpão com a peça “Till, a saga de um herói torto”.
Recentemente comecei a ler 1822 de Laurentino Gomes , sobre a história da Independência do Brasil e o primeiro reinado. A história do Brasil é paradoxal, sua independência foi articulada pelo chefe de estado, no caso D. Pedro I, o defensor perpétuo do Brasil. O sangue do povo, nas revoluções espalhadas pelo Brasil, manteve o poder nas mãos do novo Imperador, que era Português e permaneceu ligado à Portugal. A República foi proclamada na época de maior popularidade do Imperador Pedro II, logo após a libertação dos escravos.As mudanças de poder são realizadas sempre pela elite que permanece ligada e interferindo no poder político, econômico e social do país.
Ao ler 1822, minhas lembranças me levaram de volta a Escola São José, onde fiz meu primário, tive aula de Educação Moral e Cívica e aprendi a História Romântica de meu país. Para mim D.Pedro será sempre o Tarcisio Meira , D.Leolpoldina a Kate Hansen e a Marquesa de Santos a Glória Meneses do filme Independência ou Morte. Os desfiles no dia 7 de setembro , quando desciamos a rua Paranaíba marchando. Na praça da República, era montado o palanque para as autoridades municipais. Em frente ao palanque acontecia as representações . Todo 7 de setembro, tinha um D.Pedro que descia a rua Paranaíba à cavalo e em frente ao palanque na praça da República defronte ao Banco do Brasil empunhava a espada e gritava:- Independência ou Morte. Logo em seguida, vinham as charretes com D.Leopoldina, José Bonifácio, o patrono da Independência e outras figuras históricas.
Minha avó Alzira assistia sempre em frente a farmácia Santana. Logo abaixo ficava a casa da avó Alfa ,da tia Noemia e da tia Tuta. Tinha um público cativo que acenava quando eu passava marchando. Minha mãe se ocupava dos alunos da escola na qual era diretora. O desfile começava às 7:30 e durava mais de três horas.
Sempre marchei, nunca saí na fanfarra.Sonhava em tocar tarol, aquele tambor que fica de lado e tem um som com eco devido aos fios perpendiculares.
Ficavamos temerosos dos bumbos que sempre vinham na frente , e cujos executores alternavam majestosamente para cima , cruzado e para baixo os tocadores e eram trazidos pelas balizas fazendo coreografias com suas varinhas coloridas. As balizas eram as meninas mais bonitas da escola. Todo ano , uma das escolas ganhava o título do Desfile mais bonito. À tarde, íamos à matinê assistir Independência ou Morte que já sabiamos de cor. E antes de tudo tinha os ensaios que começavam um mês antes.
Todas essas lembranças e leituras me levaram de novo a visitar o Museu do Ipiranga, ou Museu Paulista, que é o mais antigo museu de São Paulo. Foi inaugurado em 1895, no edifício projetado por Tommaso Guadencio Bezzi. Hoje, é um museu de história, vinculado à Universidade de São Paulo desde 1963.Com um acervo diversificado , sobre a história da Independência e a história de São Paulo e cuja principal obra é o quadro de Pedro Américo “Independência ou Morte”.
No parque da Independência, que infelizmente não esta como antes, pode se visitar A casa do Grito e o monumento ao centenário da independência eregido sobre a Cripta Imperial que é o masoléu com os corpos de D.Pedro I,D.Leopoldina, a I Imperatriz brasileira e D.Maria Amélia, a segunda esposa e a segunda Imperatriz do país.

Fotos:Fabricio Matheus

Nenhum comentário:

Postar um comentário