domingo, 6 de dezembro de 2009

TERAPIA AFIRMATIVA





Para Klecius Borges e Wladimir Ganzelevitch


Em 1985, a Organização Mundial da Saúde(OMS) passou a adotar o termo “homossexualidade” em substituição a “homossexualismo”, que aparecia no Código Internacional de Doenças (CID) na categoria “distúrbio mental”. O objetivo era evitar o sufixo “ismo” tradicionalmente associado a doença.
Em decorrência dessa nova mudança, o foco de pesquisas sobre a homossexualidade deixou de ser simplesmente a demonstração de sua “normalidade” e passou a abranger inúmeras questões : como o estabelecimento das identidades lésbica, gay e bissexual; a formação de relações entre pessoas do mesmo sexo;os processos de desenvolvimento da sexualidade, a homofobia e a discriminação sofrida por gays e lésbicas; as questões relativas a maternidade e paternidade ; a diversidade cultural e a ética entre os grupos; as questões sobre as escolhas e as práticas sexuais.
A Terapia Afirmativa busca uma compreensão mais profunda das questões particulares dos gays , lésbicas e bissexuais, assim como o desenvolvimento de modelos teóricos e clínicos mais adequados. A Terapia Afirmativa considera a homofobia, e não a homossexualidade em si, como a variável patológica mais importante para o desenvolvimento de certas condições sintomáticas encontradas em homossexuais. O terapeuta afirmativo além da atenção e apreço pelo paciente, respeito pela orientação sexual, pela integridade pessoal, pela cultura e estilo de vida, há que ter um profundo respeito por suas próprias crenças e atitudes e se dispor a examinar os próprios preconceitos à respeito das orientações sexuais diferentes da sua.
Em março de 1999, o Conselho Federal de Psicologia publicou a Resolução n.001/1999, que estabelece as normas de atuação para psicólogos em relação à orientação sexual.
Estava à procura de um Terapeuta/ Analista e fiz algumas entrevistas e visitas a Analistas indicados, alguns filiados a Sociedade Brasileira de Psicanálise, cujos consultórios eram verdadeiras catedrais góticas, luz em penumbra, música barroca ou gregoriana, parecia que estava em  um confessionário. Finalmente cheguei ao Wladimir, houve uma empatia imediata de minha alma, horários e honorários. Mas ele me disse que antes de decidir, eu deveria marcar uma entrevista com outra pessoa que ele deslizou lentamente o cartão. O cartão , além do nome do terapeuta:Klecius Borges, sua foto; estava escrito “Terapia Afirmativa para Gays, Lésbicas e bissexuais e que ele tinha uma coluna na G Magazine... Senti um embrulho não no estômago , mas na Alma. Eu , recém chegado da Índia, iluminadíssimo, já tinha contado para meus pais, banhado no Ganges, passado pela Juíza e me achando o ser mais aberto e menos preconceituoso do mundo. Neste momento começou minha análise e minha descoberta, a viagem à escuridão de minha alma.
O cartão me fez um mal terrível,  senti que tinha que marcar a tal entrevista. Para minha surpresa , O Klecius era mais vivido e experiente que a foto do cartão. Mas a sua atenção, franqueza e verdade cativaram-me de súbito. Comecei a fazer terapia com o Wladimir e entrei na terapia de grupo com o Klecius.
Inicialmente foi difícil humanizar-me, talvez julgava-me superior, ou mais simples: O MEDO. Com o tempo, fui transformando minha dor e sofrimento represado e dividindo com meus terapeutas e meus colegas de terapia, que com suas dores e amores tanto me ensinaram e fizeram-me crescer: AMAR.
Foi um longo caminho, anos , posteriormente fiquei com a terapia individual com o Klecius e o grupo, depois só individual e depois por falta de tempo e porquê talvez, coisa de aquariano, às vezes, quero suportar sozinho a dor e a delícia de minha vida.
O Klecius sonhou comigo o sonho de minha alma. O meu desejo era o seu desejo. Ainda hoje sinto-me protegido como Dante por estes dois Virgílios. Sonho sempre com o Klécius. Em um dos sonhos , ele foi a uma de minhas estréias teatrais com dois buquês de flores vermelhas e entregou os dois para um outro ator. Neste período minha vida amorosa e o trabalho estavam em crise e seriam os dois buquês que eu não merecia, talvez outra interpretação???..Ultimamente, antes de escrever estes temas no Blog, tenho sonhado constantemente que sou multado e o Klécius se aproxima no meu desespero e me diz para seguir avante que ele paga a multa....
A literatura Gay é uma forma de aumentar a auto -estima e avaliar a homofobia. Na OUT magazine de dez09 e jan10, saiu várias entrevistas com escritores Gays, da nova geração: David Leavitt. E da considerada velha geração: Felice Picano , Andrew Holtern e  Edmund White.
Edmund White é um grande escritor gay americano, entre as biografias de Proust, Rimbaud e Jean Genet, há crônicas e histórias do mundo e submundo gay. Ele visitou várias cidades americanas e descreve com precisão e detalhes os locais gays. Escreveu outro livro que é um dicionário sexual para gays, que teve que ser reescrito com o advento da AIDS. White fará 70 anos no dia 13 de janeiro de 2010, é um exemplo. Está casado pela segunda vez, com um homem muito mais jovem e feliz. Tão feliz, que às vezes , como  escreve, ele próprio não acredita na sua felicidade.

Maiores informações:

Arte:Fabricio Matheus


Um comentário:

  1. Vou procurar ler alguns dos autores mencionados. Conheço Genet, Whitman (de quem gosto muito), Wilde, Capote e vários outros, mas não os autores dos livros do post. Muito interessante!

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