segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

LA FIGLIA DI JORIO

                                     



“L’arte è la semplificazione delle linee. Il grande artista è um semplificatore.”G.D”Annunzio.

La figlia de Jorio é uma grande tela de 5,5 x 2,8 metros, obra –prima do artista do Abruzzo, Francesco Paolo Michetti, pintada em 1895 e exposta no mesmo ano na Bienal de Veneza. O quadro retrata uma jovem caminhando a passos largos, com um manto vermelho que a esconde e cobre principalmente a face, sendo observada por um grupo de homens, alguns bêbados com expressões diversas contrastantes de admiração, desejo, compaixão e desdenha.
A obra de Michetti, inspirou seu amigo Gabriele D’Annunzio nascido em Pescara, escritor e poeta parnasiano, dândi, lutou pela independência italiana no Vêneto, amigo de Mussolini, amante de Eleonora Duse entre outros fatos de sua inusitada biografia... a escrever em 1904 , sua tragédia pastoral de mesmo nome.
A Figlia de Jorio de D’Annunzio conta, com violenta sensualidade enraizada na paisagem agreste dos Abruzzos, onde superstições facilmente germinam e explodem paixões, a história de Mila di Codra, filha de Iorio , o bruxo. A moça é repelida por toda a comunidade de um vilarejo do Abruzzo onde se comemoram as Bodas de Aligi e Cândia. Mila é ajudada pelas irmãs de Aligi, que a descobre e se apaixona perdidamente e decidem fugir para as montanhas.
Lázaro, pai de Aligi, sai em sua busca. Mais sua real intenção, é seu desejo por Mila. Quando a verdade é revelada ao filho, este assassina o pai à machado. Aligi é julgado e condenado. Sua mãe enlouquece. No final, Mila dizendo-se possuída pelo demônio, assume a culpa de Aligi para salvá-lo e atira-se a fogueira destinada as bruxas bradando em êxtase: “A chama é linda!O Fogo é belo!”.
A obra-prima de Michetti foi adquirida pela comarca de Pescara e hoje encontra-se na prefeitura da cidade , coberta por uma grande cortina de veludo alemão verde.
Quando estava em Pescara na casa da família di Bartolomeo, já havia visitado o museu casa de D’Annunzio e o patriarca que possuía em suas paredes duas telas de Michetti , contou-me toda a história de sua obra-prima e incentivou-me a visitá-la no dia seguinte.
Cheguei no final da manhã à prefeitura da cidade , mas a sala que abriga a obra, é a sala de reuniões da câmara municipal e estava ocupada. A secretária sabendo se tratar de um estrangeiro, não sabia informar sobre a obra. Quando disse que era brasileiro, pediu-me para esperar. Minutos depois solicitou-me que a acompanhasse a sala, repleta de autoridades locais entre elas o prefeito da cidade. Eles pararam a reunião, abriram a cortina verde que escondia o quadro e foi uma festa. Muitos sequer tinham visto a obra ou sabiam que a cortina verde a escondia. Ficaram estupefatos ao ouvir a história do quadro e da peça teatral de um brasileiro. A reunião acabou em festa e eles convidando-me para almoçar. A família di Bartolomeu divertiu-se com toda a história e principalmente ao me ver chegar de carro oficial com o prefeito à porta da residência na via Primavere.
Quanto à mim, prefiro o quadro de Michetti à dramaturgia de D’Annunzio. O pintor retratou numa paisagem provincial, de maneira simplista e cotidiana, com o predomínio do tom vermelho, toda a representação da repressão do DESEJO.

Arte: Fabricio Matheus


Um comentário:

  1. Só você mesmo para passar por essas situações. Hahaha! Incrível! E o melhor é que nos faz prestar uma enorme atenção na história pra saber seu final. Acho que muitas destas crônicas aqui reunidas dariam um ótimo livro. Continue escrevendo e publicando. Abs

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