sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ODE A FORÇA FEMININA





P/ MiriamK


A primeira imagem é a réplica da mais antiga estátua , a Deusa Mãe Cybele, do museu das civilizações Anatolie de Ankara naTurquia, deusa da terra e da fertilidade e de uma época em que a força feminina era igual ou superior a masculina,  a era do Matriarcado. Data de 6.800 a..C do período neolítico ou da pedra pólida, quando começa o desenvolvimento da agricultura e os homens tinham que louvar a mulher terra e mãe e inicia a organização da vida comunitária. O Neolítico historicamente termina com o surgimento da escrita e é o último período da pré-história, a sua transição para a Idade dos Metais (Bronze e Ferro) , caracteriza a transição da pré-história para a história.
A segunda é da Deusa Artemis do Templo de Artemis ou Diana de Ephesus que glorifica a deusa das caças e dos animais e foi uma das sete maravilhas do mundo antigo no século VI a.C.
A terceira é a conhecida Vitória de Samotrácia, da deusa graga Nike, a Deusa da Vitória que provalvelmente celebra a vitória naval de Rhodes e data de 220 a 190 a.C. Estas são imagens e exemplos de um período em que a importância da mulher era superior a do homem.Um período em que as mulheres tinham sua força e eram sagradas.
Inevitavelmente o Cristianismo e a Igreja católica com a Inquisição levou a humanidade a séculos de atraso cultural e relegou o privilégio e a força feminina dos períodos pré-históricos e históricos à dominação masculina e ao Patriarcado, até hoje na hierarquia da igreja a mulher é submissa ao homem .  O mesmo ocorre em outras religiões monoteístas como o judaísmo e outras.Os best –sellers O Código de da Vinci e O Nome da Rosa, trata um pouco sobre o tema, .
Biologicamente a fêmea , pela reprodução, é mais desenvolvida e adaptada as intempéries do meio que o macho, e têm uma sobrevida maior que o macho em todas as espécies , inclusive na humana. O feto feminino têm maior chance de sobrevivência em gestações de risco que o masculino. Como médico e principalmente , ginecologista e obstetra, sou cercado diariamente pelas histórias e dores da mulheres, e certamente, a força feminina é infinitamente superior a masculina em relação aos problemas. Todo ser humano é único, mas a mulher é uma fênix renascida.
Inegavelmente a mulher sofreu e sofre com o domínio masculino , mas foi a luta e está na luta diária e escreveu e escreve sua história com sangue. A revolução industrial exigiu sua força de trabalho. Subjulgada e com a sua luta diária, ela mostrou a que veio. Se hoje na Europa e outros países existe o Women in Progress certamente não foi pela bondade masculina. E esta conversa surgiu numa mesa de bar em que um amigo gay criticava . E minha amiga dinamarquesa , que adora a Escrava Izaura, símbolo da  Liberdade, e eu dissemos  que ele deveria lutar pelos seus direitos como as mulheres o fizeram.  Quantos anos de sofrimento têm na alma a mulher negra?.
Cada ser é único e com sua beleza e cabe a cada um lutar pelos seus direitos para uma vida melhor e um mundo melhor. Na minha história e na minha família sou cercado de mulheres guerreiras. Minha mãe trabalhou a vida inteira, nos três períodos: manhã , tarde e noite. Trabalhou e trabalha pela comunidade, criou a faculdade de minha cidade, sem nenhum mérito a sua pessoa e aposentou com um salário vergonhoso. Foi criada por outra guerreira, filha de fazendeiros , professora que separou do marido nos anos 50/60, quando a mulher separada era considerada prostituta. A mãe de minha mãe, casou-se cedo provavelmente com um homem que não amava, teve duas filhas, ficou viúva jovem e influenciada pelas irmãs ficou amante e amásia de um fazendeiro negro com quem teve outros filhos e deixou as filhas para serem criadas por outras famílias. Nunca contou sua história, talvez seu segundo homem tenha sido o que ela realmente amou e apesar de ter filhos mulatos, nos contava que tinha tido somente um marido , o pai de minha mãe. Eu nunca a contradisse, respeitei sua dor ,sua amargura. Mas quanta resignação... trabalhou a vida inteira como cozinheira e morreu cozinhando, era a bondade em pessoa. Minha avó paterna ficou órfã de mãe com 3 anos , e tinha da sua mãe somente uma lembrança, a foto da mãe morta. A herança que sua mãe  lhe deixou, foi tirada pelo seu pai, madastra e irmãs. Ela teve que lutar como costureira para educar os filhos e no grito conseguiu que seu pai lhe desse uma casa. As mulheres de minha história são fortes, nunca quis ser mulher , mas de certa forma tenho uma força da luta de todas elas e das histórias diárias de minhas pacientes.

OBS: Cara Miriam , obrigado pelo comentário, deixa o Blog vivo . Eu adoraria escrever todos os dias , além da questão política e ética, o Blog para mim é um exercício de escrita e tenho que adotar um método para a sua feitura. Questões relativas as mulheres e suas histórias  voltaram em breve , assim como dos negros e outros assuntos e concordo com o que você escreveu.

Fotos: Fabricio Matheus


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