sábado, 7 de maio de 2011

O QUE O BRASIL QUER SER QUANDO CRESCER? Por Gustavo Ioschpe



Você sabe qual o plano estratégico do Brasil? Quais são as nossas metas, aonde queremos chegar? Que tipo de país queremos ser no futuro? Eu confesso não saber. Os slogans e prioridades dos últimos governos não apontam para um programa positivo, sobre nossos anseios e planos, mas sim para uma agenda negativa: sabemos aquilo que não queremos ser. Não queremos ser um país excludente, mas sim “um país de todos”. Queremos a perserverança – “sou brasileiro e não desisto nunca” -- , apesar de não estar claro qual o objetivo da persistência . Dilma agora fala na “erradicação da miséria” como seu grande objetivo. Ainda que nobre , tampouco aponta um rumo, apenas indica o que não queremos ser. Há inúmeras maneiras de ser um país de todos e em que não há miséria.
Uma das áreas que mais sofrem com essa indecisão é a educação. Nos países em que os ocorreram saltos educacionais, os mesmos, foram acompanhados de saltos no desenvolvimento, a modelagem do sistema educacional estava profundamente atrelada ao projeto estratégico da nação.
A visão de futuro destas nações, cuja área educacional é o elemento primeiro e fundamental a nortear as ações dos governantes e lideranças da sociedade civil. Assim como a infraestrutura, a tributação , as relações exteriores e muitas das demais áreas que são responsabilidade de governantes, a educação não funciona autonomamente: ela subordina a um projeto de país.
O objetivo educacional está atrelado ao objetivo econômico-estratégico . A educação priorizada é determinada pelo caminho escolhido pelo país para atingir seu objetivo de crescimento.
No Brasil, que tem um dos piores sistemas educacionais do mundo, as coisas são ao contrário. Não temos um projeto de país e a educação é desconectada do país.Não é percebida como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento, mas como um fim em si mesmo, como um direito do cidadão e ponto.
Quando os educadores se referem à sociedade, o objetivo mais freqüente não é perscrutar-lhe os anseios, mas reclamar. Não fossem os malditos pais dos alunos entre outros pensamentos.
O pensamento educacional brasileiro é tão original e autóctone. Somos o pior tipo de colonizados: formalmente livres , mas intelectualmente amarrados às antigas metrópoles , incapazes de caminhar sozinhos. Nossa teoria educacional é importada de outros países, porque o que dá gabarito é estar inserido na discussão de temas candentes na Europa ou nos EUA , mesmo que seja a respeito de problemas deles , que não têm nada a ver com os nossos.
A sociedade civil precisa recuperar nossa educação e subordiná-la aos interesses nacionais. Precisamos criar uma geração de pensadores que pense no que funcionará para alfabetizar as crianças nas periferias . E precisamos de um projeto de país – criado aqui, tendo em mente nossa cultura, recurso e instituições – que oriente e canalize todo esse esforço. Enquanto esse projeto não chega, nossa escola deve se mobilizar para construir o primeiro passo, comum a qualquer projeto de futuro: toda criança plenamente alfabetizada ao fim da 2° série.

OBS: A educação é o bem maior de um país , sou leitor incondicional de Gustavo Ioschpe, um dos atuais pensadores da educação no país. O artigo acima é resumo do publicado na Veja edição 2216 de 11 maio de 2011.
2°Foto:Fabricio Matheus

Nenhum comentário:

Postar um comentário