sábado, 7 de maio de 2011

JOSÉ RENATO (1926-2011)



Na madrugada do dia 2 de maio de 2011, aos 85 anos, logo após se apresentar no Teatro Imprensa no espetáculo Doze Homens e uma Sentença, direção de Eduardo Tolentino e ao embarcar para o Rio à trabalho, vítima de um infarto, faleceu o diretor, dramaturgo e ator José Renato, cuja vida e dedicação ao ofício e as artes cênicas, sua grande paixão, o acompanhou até seu último suspiro.
Não conheci pessoalmente José Renato, mas cruzei com ele várias vezes e até nos falamos em algumas oportunidades como na comemoração dos 10 anos do Galpão Folias. Ou nas platéias, onde o encontrava constantemente e assistimos juntos recentemente “Os Credores” de Strindberg , dirigido pelo Tolentino.
A importância de José Renato na história do Teatro Brasileiro é indiscutível. Foi o fundador e idealizador do Teatro de Arena de São Paulo, diretor responsável pela montagem de Eles Não Usam Black-Tie, considerado marco do teatro dos anos cinquenta, em uma das correntes do nacionalismo no teatro brasileiro.
Por sua mão passaram grandes atores e montagens históricas como Rasga Coração de Vianninha com Raul Cortez . A primeira direção de José Renato que assisti foi “O Aroma do Tempo” de Ernevaz Fregni em 2006 no teatro dos Arcos , musical sobre Artur de Azevedo. Depois assisti a remontagem de Chapetuba Futebol Clube também de Oduvaldo Vianna Filho, em 2009, no local do Arena, hoje Teatro Experimental Eugênio Kusnet.
Assisti a sua volta ao palco como ator depois de décadas no final de 2010 no CCBB no elenco da peça Doze Homens e Uma Sentença de Reginald Rose e dirigido pelo Tolentino. O sucesso da peça, atualmente em cartaz no Teatro Imprensa,e na qual José Renato trabalhou até o último dia de sua longa vida.
No último dia , José Renato errou uma de suas falas, o texto original era: “...mas o velho talvez precisasse de um pouco mais de atenção...” , porém ele disse: “... mas o velho talvez precisasse de um pouco mais de tempo”.
Por coincidências, tenho um grande amigo e colega no elenco de Doze homens e uma sentença, o Adriano Bett, que sempre me contava as histórias do José Renato, como sua capacidade de memorização das falas dos personagens , entre outras... o quê era uma forma de convívio indireto com este grande homem, marco do teatro brasileiro, que fez de sua paixão pelo palco , ato de sua vida e exemplo para muitos ... Desses artistas cuja paixão pelo palco é mais importante que a própria vida.

Um comentário:

  1. Vi-o recentemente e sua energia, firmeza no palco surpreenderam-me. Sua história confunde-se com a história do teatro brasileiro. Uma pena, uma grande perda!!

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