terça-feira, 1 de março de 2011

COMO ESQUECER UM AMOR OU APRENDER A AMAR II


Malba Tahan conta, em um de seus livros, a história de um homem que foi condenado à prisão, e nela encontrou companheiros que falavam muitos idiomas diferentes. Para passar o tempo, aprendeu vários deles durante sua prolongada estadia no cárcere. E, quando saiu, ganhou fama de sábio, embora quase não falasse mais. E por que? Porque ele era capaz – assim diziam – de ficar calado em sete línguas diferentes!


Fui ao teatro assistir a História de um príncipe triste e melancólico que saí a procura de três laranjas para aplacar o seu penar.Foi quando reencontrei uma amiga que me perguntou o quê fazer para esquecer um amor.Eu respondi que os amores não são feitos para serem esquecidos e sim para que sejam aprendizados para os próximos amores.
Mesmo nos amores não correspondidos, o sofrimento e o sentimento de não ser querido, nos fornece um momento particular importante para que possamos apreender sobre nós.
As vezes os amores não correspondidos nos semeiam um sentimento de revolta e uma vontade de revidar. De mostrar ao outro que podemos e que poderemos ser queridos e estar com alguém melhor e que azar o dele de não me querer.
Há pessoas que fazem do amor não correspondido um motivo de vida, um amor-ódio, e se vingam não amando os outros que a amam. Outros fazem de um único amor o motivo final de suas vidas.
Outros acham que amam e fazem do amor platônico , algo maior e inatingível, e vivem desse amor que nunca se concretiza,transformando o fato em ilusão e no sentido maior de sua existência .
Outros não esquecem jamais alguém por medo de se machucar novamente e sofrer.
Eu falei de mi respondi que cada pessoa têm sua maneira de amar e esquecer um amor. Mas os amores não são feitos para serem esquecidos.Como dizia o poeta Drumond:Amar se aprende amando.
Conversando sobre o amor com minha amiga, veio-me as histórias de amor, não só as vividas , mas as lidas e assistidas. Lembrei-me de Inês de Castro, personagens de Shakespeare, Rosa e tantos outros que descreveram o amor com tamanha propriedade e clareza que quase materializarão o etéreo sentimento maior do homem.
Não sei se minha amiga é muito nova, mas a dela é vnigança. Que assim seja!Espero que ela aprenda na vingança, o amor.
Lembrei-me de uma história parecida com o conto de Eça de Queiroz “ O estranho caso de José Matias”, era um rapaz que achava que amava e nunca era correspondido. O rapaz tornou-se vítima de seu destino e fez-se poeta. Escrevia versos a suas amadas, e realmente nunca era correspondido.
Até que se apaixonou por uma linda mulher enquanto assistia um jogo de basquete na quadra da universidade. Ele a viu de longe e se apaixonou. Começou a mandar poemas e mais poemas. Ela era linda, e depois ele descobriu que ela era noiva. Com isso ficou mais triste e mais melancólico, sabia que jamais seria correspondido. Seus poemas eram escritos cada vez mais com mel e sangue.
A garota linda começou a ficar tocada com as palavras do rapaz, e se o quê ele escrevia fora verdade, talvez pudesse o rapaz ser o homem de sua vida. A garota era mais nova que o rapaz mas era uma mulher. O rapaz que queria amar era ainda um menino.Amedrontado e apaixonado.
Um dia a garota foi atrás do rapaz e disse que estava disposta a largar o noivo para viver o amor que o rapaz escrevia.
Foi aí que o rapaz percebeu que ele até queria amar a garota, mas ele não amava. Ele ainda não sabia o que era o amor. Ele tinha uma vontade enorme de amar, ser amado , mais tinha medo.
A possibilidade real de amar a garota, que talvez pudesse redimi-lo , e fazer inveja aos outros por estar com uma bela mulher. Além de mostrar que ele não amava a garota e sim talvez essa possibilidade, revelou um segredo ao rapaz que ele guardava escondido a sete chaves dentro dele mesmo , talvez ele até soubesse , mas evitava até pensar. O segredo era simples, muito simples. O segredo era o seu desejo.
O rapaz gostava de rapaz! Mas feliz que José Matias, o personagem do conto de Eça, o rapaz viajou , cresceu , tornou-se homem e aprendeu realmente a amar e o quê era o amor com outros iguais a ele.

"Eu me dedico demais ao amor..."
"E assim pensando rasguei, tua carta
E queimei, para não sofrer mais."Isaurinha Garcia


Fotos:Fabricio Matheus

Um comentário: