terça-feira, 17 de agosto de 2010

CABO DA BOA ESPERANÇA



“Deus ao mar , o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu.”F.Pessoa

Escrever sobre o Cabo da Boa esperança é lembrar das aventuras dos heróis portugueses que o cruzaram, desbravando mares nunca dantes navegados. É lembrar dos poemas de Camões e Pessoa. No caminho lembrava de Sagres ,de onde partiram as Caravelas . Adoro extremos, pontos extremos de continentes, promontórios, falésias e isso já era motivo de alegria e excitação pelo passeio que iniciava. Conhecer novas paisagens, além do céu que nesta manhã estava estonteante de tão azul.
Saindo de Cape Town, rumo a leste, por detrás da cordilheira de montanhas dos doze apóstolos , que na verdade são dezessetes picos montanhosos que abraçam a famosa e badalada praia de Camps Bay.
Nossa primeira parada foi em Muizenberg, cidade de colonização holandesa, com seu antigo posto militar na montanha que domina a praia de águas calmas , brancas areias com várias casinhas de madeira coloridas com cores fortes e primárias que dão um charme especial ao local. A estação ferroviária fica na parte rochosa da encosta, numa curva da baía , conhecida como Surfer’s corner, cujo nome já explica tudo...
Continuando à beira-mar, passamos por Fish Hoek, com uma longa faixa de praia que lembra qualquer balneário de férias familiar.
Paramos na pitoresca Simon’s Town, em Flase Bay que abriga uma base da marinha sul-africana desde 1957. Na cidade pode –se fazer caminhadas guiadas ou se perder sozinho pelas pequenas ruas curvas e ladeiras.Visitar o Simon’s Town Museum que preserva a história dos navios que navegaram na região. Na frente do porto da Marinha, ao lado de um charmoso shopping , está em bronze a estatua de um cão dinamarquês que foi o mascote dos marinheiros britânicos baseados na cidade durante a Segunda Guerra Mundial.A maioria dos Pubs conservam a decoração da época , alguns cujo sub-solo foram alojamentos de escravos.
Entre Simon”s Town e o Cabo da Boa Esperança, pela M4, passa-se por baías cercadas de rochas graníticas que permitem mergulhar com segurança. Nos períodos de setembro a novembro pode se visualizar baleias e encontrar golfinhos e focas. Uma das grandes atrações é o Boulders , ou a ilha dos pingüins , uma colônica protegida que abriga cerca de 3000 pinguins africanos.
Conhecido anteriormente como cabo das Tormentas, devido aos fortes ventos e o encontro estratégico entre duas maiores correntes oceânicas. O Cabo da Boa Esperança foi rebatizado em 1488 por Dom João, rei de Portugal como um presságio positivo para a nova rota para as Ìndias.
Hoje uma reserva ecológica com rica fauna marinha, fauna terrestre desde pequenos antílopes , zebras de montanhas à inúmeros babuínos. Pássaros incontáveis e diversos e uma flora com mais de 1200 espécies, principalmente de pequenos arbustos e flores exóticas.
Há várias trilhas que podem ser percorridas . No extremo do promontório: O Cape Point está o farol original. O atual mais abaixo foi construído durante a Segunda Guerra Mundial. Venta-se muito e às vezes têm-se a sensação de que este vento forte vai te levar alhures.
Perto do novo Farol, por um pequeno caminho chega-se a uma das praias mais linda que meus olhos vislumbraram e se encheram de beleza: A Dias Beach, cercada de falésias , um mar d’água cor azul topázio imperial, brancas areias que cantam ao caminhar... Do outro lado à direita fica o Cabo da Boa Esperança propriamente dito. A reserva ecológica é enorme , para se passar um dia.
Voltamos pela M6 , passando por fazendas , criadouros de avestruzes , lagoas à beira –mar, baías e mais baías na encosta da estrada, túneis e mirantes com paisagens cada vez mais inesquecíveis. Panoramas que terminou com a visão da Hout Bay do pico de Chapman’s. Vales verdes cortado por estradas ladeadas por carvalhos que chegam a prais de finas areias e fria água. O vilarejo abriga vários cafés, restaurantes e outras curiosidades. No Mariner’s Wharf, entre o porto pesqueiro , barracas e mercados de peixes e frutos do mar. Ao lado do deck do porto, focas a brincar e a nadar tranqüilas...
Chegamos ao Black Lodge onde estávamos em Cape Town repletos de visões de paisagens deslumbrantes . Terminamos a noite no restaurante do Hotel Ritz, na cobertura do edificio e giratório com um visão de 360 graus para a cidade do Cabo.Embriagados e em meio as luzes brilhantes da grande cidade ,misturavam na memória as frescas visões deste dia  azul tão estonteante.

Fotos:Fabricio Matheus e Conor O’Byrne



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