“País sem crítica é país sem liberdade.Afinal, por que você acha que no Brasil passamos do escárnio a idolatria com a maior facilidade?” Daniel Piza
Há no meu cotidiano um simples prazer que é ler alguns cronistas. Estas crônicas lidas semanalmente sempre me ensinam e me fazem refletir de uma outra maneira sobre determinado assunto, ou sobre mim mesmo. São vários os cronistas que leio: Contardo Calligaris, Mathew Shirts, Danuza Leão, Antônio Prata, Rui Castro, Cony e muitos outros, entre eles Gustavo Ioschpe que escreve quinzenalmente na revista Veja, especialista em Educação.
Seus dois últimos assuntos foram a comparação do ensino da educação chinesa com a brasileira e sua indignação entre a decisão de fechar escolas do ensino superior , principalmente na área de saúde por má qualificação e não fechar escolas do ensino fundamental, que sequer são qualificadas e que é a base fundamental em última estância da formação, da educação do cidadão.
Educação e Saúde são pontos cruciais quando se fala em desenvolvimento, democracia . A base de um chamado “Estado de Direito”, no qual independente das diferenças seus cidadões teriam as mesmas chances , ou opções de escolha ,independente de classes sociais.
A educação e a saúde de um país é reflexo de sua cultura, sua história e suas aspirações.
A China se deu conta que para dar seu salto, precisava pragmaticamente investir em educação, sobretudo no educador que é o professor. O problema é que não tinha muito bons professores e sequer mestre capazes de formá-los.
Para resolver o problema , começou aumentando o número de alunos em sala de aula. Os chineses entenderam que é melhor ter quarenta alunos com um bom professor do que vinte , em duas salas , uma com um professor bom e outra com um ruim.
Diminuíu radicalmente o número de funcionários administrativos. Se o fundamental é o professor, aquilo que é menos importante precisa ser sacrificado.
Em seguida , reestruturou a carreira e a remuneração do professor. Coube a um país nominalmente comunista tratar os diferentes de forma diferente.
A China dá uma remuneração básica aos professores, para aumenta-la , há duas maneiras. Obtendo sucesso na prática de ensino, julgada pelo desempenho dos alunos e por avaliações de colegas e diretores e demais envolvidos no processo. Outra forma, é passar ao nível superior da carreira, demonstrando sua qualidade e se comprometendo com um aumento substancial no número de horas de treinamento.Os aumentos salariais não são gratificações: são uma contra-partida. A remuneração salarial é meritocrática. Todos na educação chinesa são cobrados e valorizados por seus resultados. Cada pessoa é valorizada de acordo com o que agrega ao sistema.
O governo faz um esforço constante para expor seus funcionários e intelectuais a tudo o que acontece no mundo, para que eles possam selecionar o melhor e aplicar no país.
O que dá certo é compartilhado com outras provínicias, até se tornar política nacional.
O coletivismo é outra marca do sistema atual, que se organiza em círculos concêntricos. Todos competem , mas todos se ajudam. Além de um relacionamento escola-familia, há incluso no sistema um exame básico de saúde anual. As escolas recebem a visita de um médico e uma enfermeira que examinar os alunos, e se detectou que problemas simples de se resolver como visão e audição permitiram a milhares de alunos a um melhor desempenho acadêmico.
Além da institucionalização do trabalho do educador que inclui treinamentos, outra características que abrange o projeto educacional e a avaliação e a capacidade de cumprir as metas estabelecidas.
O material didático utilizado, é escolhido e desenvolvido para o local.Isso se torna possível por que há um currículo padronizado, que especifica o que deve ser ensinado a cada aula , com objetivos claros de habilidades e conhecimentos que o aluno deve dominar a cada semestre.
Quando tudo o mais falha, ou seja, uma escola fracassa e não se sai bem. Ela passa por um processo de licitação pública, pedindo as escolas de alto desempenho que elaborem um plano para melhorar o desempenho desta escola ruim.
O melhor plano selecionado, assume a responsabilidade do estabelecimento por dois anos. Neste período, normalmente um alto funcionário da escola boa , se desloca para a escola ruim na companhia de sete ou oito de seus melhores professores , e eles ficam lá pelo menos dois dias por semana em tempo integral. Se a escola ruim melhorar neste período, a escola boa recebe um prêmio em dinheiro que pode ser gasto em melhorias na escola.
A idéia do atual sistema foi de Zhang Minxuan, um dos pensadores da educação chinesa , cuja idéia veio dos Estados Unidos. Assim, o pragmatismo, a meritocracia, o coletivismo, o gradualismo e a abertura ao exterior em ação, faz da China hoje uma potência, com o melhor sistema educacional do mundo.
A saúde como a educação brasileira , se tivesse uma política séria, com finalidade de engrandecimento do país, poderia se valer de ideias como essas. Principalmente ,num esforço, começar a valorizar os pilares destes sistemas que são os professores e os médicos.
Arte:Fabricio Matheus
Tirando o coletivismo e a licitação pública, temos muito em comum teoricamente. Esse é o problema por aqui: as pessoas acreditam q discurso e teoria/conceito produzem resultado milagrosamente. Não! O q produz resultado é empenho(popularmente conhecido por suor), compromisso com um ideal (profissão, e.g.), e força de vontade que reverte em estudo, atualização, capricho no que se faz. Ideias não faltam por aqui. Imagino até q em vários campos, talvez saúde tb, a proposta brasileira, no papel, seja de dar inveja a qq gringo, mas na prática...quanta diferença!! E não estou falando só da "arraia miúda", mas sobretudo de nosso incapazes e pouco patrióticos governantes. Como diz a célebre frase: o que falta ao Brasil são brasileiros. Quem sabe se importarmos uns desses chinesinhos educadores a coisa não se resolva por aqui.
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