segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

TOMBOY e Precisamos falar sobre KEVIN



“ Uma certeza é a distância mais curta entre duas dúvidas”Daniel Piza 
Há uma necessidade na arte de falar sobre o momento atual, talvez , antecipando e nos preparando para um futuro melhor.
Uma questão que me inquieta é a educação familiar.Acho que estã é uma questão de muitos. Os tempos são outros. As famílias estão dividas, hoje têm-se os pais biológicos e os agregados dos pais em caso de famílias separadas, divorciadas. Têm-se os irmãos e outros irmãos...
Por outro lado, os rebentos de hoje, têm proteções, discute-se o “Bulling” , a lei da palmada, guardas compartilhadas e outros tópicos... Há uma “semiologia” da educação e de como melhor educar.
Há o DNA, mas há a singularidade , de cada ser que por mais parecido que sejamos com nossos genitores, há algo que nós define em particular e nos diferencia do todo.
Segundo os livros de psicologia , o caráter esta determinado em torno de 12/no máximo 14 anos. É impressionante observarmos, crianças de 1 ano e meio e já com decisões e desejos tão próprios e determinados.
Por mais  que leio, e ainda sem conclusões definidas sobre tão vasto assunto, acho que a educação familiar é a base do caráter  do indivíduo. A educação familiar não implica em ter-se uma família unida para sempre na lei divina para que seus frutos cresçam melhores, mais a idéia da família, do pai e da mãe, deve ser algo a se consolidar no indivíduo , mesmo na ausência deles. A função principal e psicanalítica da função paterna, seja ela excercida pela mãe, pai, pãe... é o dizer :- NÃO. E por mais , dialogo, compreensão, é do genitor a função de dizer o NÃO. E o NÃO , pode ser dito sem sentido de punição, mas no sentido exclusivo de amor e educação.
Neste final de semana assisti a dois filmes sensíveis e perturbadores ao mesmo tempo. Tomboy  da diretora francesa Céline Sciamma, de extrema sensibilidade conta-nos a história de Laura , uma garotinha que se faz passar por um garoto Michael. Ela se sente como um menino, se comporta como, um filme para refletir e se emocionar, como lidar com esta ambiguidade entre o “ser e o dever ser” , que no final das contas é a nossa  questão diária.
Precisamos falar sobre Kevin, filme inglês , dirigido por Lynne Ramsay, baseado numa história real, com a fabulosa atriz Tilda Swinton no papel de Eva, cujo relacionamento com seu primogênito Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando, e Eva apesar de achar conhecer seu filho muito bem, jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer. Uma história que já foi contada em outros filmes como “O Elefante “ de Gus Van Saint,  no documentário “Tiros em Comumbine” de Michael Moore e no teatro na peça”Monsters” do sueco Niklas Radstrom sobre crianças assassinas, todas baseadas em fatos reais.
Nestes acontecimentos, ficamos  a mercê de explicações, que não se explicam...Seriam forças metafísicas, talvez demoníacas que os fariam perder a chamada “parte civilizada”, a moral que nos define como diferentes dos animais. E quando tal fatos acontecem , como  lidar com eles, como seguir adiante, quem assume a culpa, de quem é a culpa, se é que ela existe. Talvez  deixemos a culpa e falemos de responsabilidades.
Os tempos são outros, as informações estão velozes, as vezes atrozes . Mas a essência do humano é a mesma , independente dos tempos , das descobertas  , das evoluções científicas. Precisamos estar atento primeiro a nós mesmos,nossos atos, nossos desejos e como direcioná-los, depois aos nossos mais próximos. Parece simples , mas pelo visto , não o é.
Estar vivo pode ser uma dádiva, viver certamente é um constante aprendizado, interminável....até o fim!
Para refletir: "Você não precisa buscar num mundo ilusório os principios da vida; apenas preste atenção aos detalhes da vida e os experimente. É  mais fácil encontrar resposta onde começa a dúvida." provérbio Zen


Arte:Fabricio Matheus

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