domingo, 8 de janeiro de 2012

Mudaram-se as estações...



Estágios
As every flower fades and as all youth Como todas as flores perdem a beleza, assim  toda a juventude
Departs, so life at every stage, Se esvai, para que a vida aconteça  em todas as suas  fases,
Todas as virtudes, assimSo every virtue, so our grasp of truth, , como a nossa compreensão da verdade,
Blooms in its day and may not last forever. Floresce em seu dia e não pode durar para sempre.
Since life may summon us at every age Como a vida pode convocar-nos em todas as idades
O coração, deve estarBe ready, heart, for parting, new endeavor, pronto, para o esforço da despedida,
 E de novo, estar pronto bravamente e sem remorsoBe ready bravely and without remorse
To find new light that old ties cannot give. Para encontrar uma nova luz que os laços da idade não pode dar.
In all beginnings dwells a magic force Em todos os começos, habita uma força mágica
For guarding us and helping us to live. Para guardar-nos e ajudar-nos a viver.
Serenely let us move to distant places Serenamente vamos avançando para lugares distantes
And let no sentiments of home detain us. E não devemos deixar que o sentimento de acomodação nos detenha.
The Cosmic Spirit seeks not to restrain us Neste caminho que o  Espírito Cósmico procura sem restrição
But lifts us stage by stage to wider spaces. E nos leva passo a passo para os espaços mais amplos.
If we accept a home of our own making, Se aceitarmos uma ordem  própria por nos estabelecida,
Familiar habit makes for indolence. Nossos costumes só contribuirão para a indolência.
We must prepare for parting and leave-taking Devemos nos preparar  sempre para nos separar,  nos despedir
Or else remain the slaves of permanence. Ou então continuaremos a ser sempre escravos da permanência.
Even the hour of our death may send Mesmo na hora da nossa morte devemos mudar
Us speeding on to fresh and newer spaces, Nos apressando para novas e recentes descobertas,
And life may summon us to newer races. Assim a vida nos convocará sempre para novos desafios.
So be it, heart: bid farewell without end. Assim deve ser a vida, a alma, o coração: -  um  adeus sem fim.”
- Hermann Hesse - Hermann Hesse
No segundo semestre de 2011, fiquei praticamente avastado do Blog, por um motivo surgido pelo próprio Blog e outros acontecimentos no meio do caminho.
O Blog me levou a iniciar um curso de fotografia, e meu último post de julho de 2011 foi exatamente um exercício de fotografia no cemitério da Consolação. Tinha alguns temas que queria escrever, sempre os tenho, e não me escusarei pela falta de tempo, talvez o afastar foi uma necessidade para renovar-me.
Nesta ausência, aprendi mais sobre fotografia. Viajei, voltei a rever lugares já visitados , com outros olhos. Conheci novos lugares com novos olhos. Alguns, que com certeza voltarei com outros olhos.
Entre  pores-do-sol e auroras, encontrei  e reencontrei pessoas. Entre  muitos espetáculos,alguns me emocionaram, outros não...
Entre dores e amores, terminou-se um ciclo de 7 anos de amor, que transformou a minha vida para sempre, como só os relacionamentos são capazes de nos transformar. Jamais serei o mesmo de 7 anos atrás e estar só novamente, além de doloroso, é um ato de coragem  e renovação para que o meu eu siga o meu desejo.
Entre alegrias, nada se compara a divina comédia humana do nascimento. Voltei para casa, e de longe escutei o choro do meu sobrinho. Um choro distante mas que  tinha a força e a beleza da renovação da vida, as estações... Um choro que encheu meu coração de uma alegria indescritível, de uma emoção que também me fez chorar. E  deu-me uma estranha certeza de que aos trancos e barrancos, sou um ser feliz.
Estou  novamente só e sem certezas... Ontem dormi pensando em visitar o México e sonhei que estava em Marrocos. Estou revendo Dancin Day’s  e arrumando os armários. Tenho muita coisa que não uso e quero espaço e simplicidade. É como se repassasse numa sessão de análise minha vida, neste período, em que já começa  meu inferno astral.
Para o ano, eu só desejo e pedi em segredo:- saúde! O resto será consequência e surpresas sempre bem vindas.
Entre incertezas, as certezas, serão as visitas ao meu sobrinho  e a minha família. Quero ir a Houston reencontrar minha tia , minha prima que não as vejo há  anos e conhecer sua família, o Bobby e a tia.
 Também, já é  quase uma certeza, que em fevereiro chegue o Otto von Goethe, um novo ser que fará com certeza um carnaval no meu apartamento e na minha vida, um cãozinho.
De resto,  um dos momentos mais significantes para minha vida neste ano foi no deserto de Wadi Rum, na Jordânia, onde foi filmado o Laurence da Arabia.
Depois de um pôr-do –sol magnifico, fez-se noite estrelada com uma lua cheia. Um clarão , que projetava minha sombra  alongada na areia. Comecei a caminhar descalço e só, no meio do nada. Um ser quase nada, nem precisava estar nu, já o estava. No cosmo, como uma daquelas estrelas, eu pertencia ao universo, como o provérbio zen de algo que é valioso.
 Ali no meio daquela vastidão do deserto, na natureza, eu vi que não precisava de mais nada. Eu já possuía  tudo: - a areia, as montanhas, as estrelas, a lua e eu....
A última noite do ano, passei no hospital de plantão. Para minha surpresa, e sem nada programado, consegui virar a noite na casa de uma grande amiga que mora perto e com amigos do teatro, outra grande paixão da minha vida. Brindei o novo ano com o coração aquecido de carinho e amizade. No dia seguinte, uma outra grande amiga, ofereceu-me com todo o seu afeto, um almoço sublime, que varou a tarde entre conversas e risadas.
A medicina me deu a certeza de uma felicidade estranha que é a de proporcionar  as pessoas que amo , uma morte melhor e digna. A medicina me ajuda a ajudar aos que amo a nascer e a morrer melhor. Pode até parecer triste mas não é, seria como um barqueiro que ajuda na travessia do rio. Isto não me torna um ser melhor, ou mais iluminado, mas justifica um pouco , o intraduzível mistério  da minha vida.
 Certamente, o que me faz melhor são os relacionamentos e as  amizades, acho que isto é fundamental para se descobrir e tornar-se humano.
Termino com a vontade de escrever mais...Com a máxima socrática de que tudo o que sei é que nada sei. E claro , com Shakespeare, Hamlet que como o Edipo rei de Sofocles são as minhas Bíblias, mandalas,  e sempre as primeiras leituras do ano.
“Existe uma previdência especial até na queda de um pardal. Se é agora , não vai ser depois, se não for depois, será agora; se não for agora , será a qualquer hora: - O estar pronto é tudo...Se ninguém é dono de nada do que deixa, que importa a hora de deixá-lo?Seja lá o que for!”.
Foto:Fabricio Matheus "As 4 estações"

Um comentário:

  1. Que bom que voltou a escrever! Um texto bonito, verdadeiro, generoso. Pessoalmente,acredito que o bom e o ruim só agregam e que nada é definitivo. É um exercício, cansa às vezes, mas essa é a grande coisa de estar vivo. E, sem dúvida,força interna e externa (saúde) são imprescindíveis para apreciar o que nos é oferecido.

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