domingo, 22 de janeiro de 2012

“ Paris est une fête”



Em dezembro não fui para Paris mais li “E foram todos para Paris “de Sérgio Augusto  sobre os Americanos em Paris , a geração perdida dos anos 30 , muito bem retratada no filme “Meia-noite em Paris “de Wood Allen, um guia dos passos desses que deixaram a america em busca do “rien faire” e de “quelque chose des plus “ na cidade luz. Li “Paris – Quartier Saint- Germain-des-Prés de Eros Graus que descreve com paixão e poesia , seu bairro predileto da cidade , com efemerides de seu cotidiano , durante suas  estadas  e como atual morador local. E “A História Secreta de Paris “de Andrew  Hussey que faz um passeio pela história da cidade , revelando pontos obscuros dos diversos periodos da mesma.
Estive em Paris em setembro, por uma semana. Eu e Paris , Paris e eu. Fiquei no Hotel Esmeralda, em cima da Shakespeare &Co.
A janela do meu quarto dava vista para Notre Dame, as vezes debruçado sobre o parapeito da janela desviava os olhos da catedral  perdidos em devaneios nas histórias de Victor Hugo e nas paixões de Quasimodo ,  e abaixo  sempre via passar um casal de enamorados de mãos dadas, aos beijos e abraços. Os seguia com os olhos até perdê-los de vista quando atravessavam o Sena, alguns viravam logo a esquerda , e  eu novamente ficava perdido em pensamentos que se misturavam ao céu azul .
Estava ali , perto de Saint-Germaint –des-Prés, e como diz Eros Graus , cada um têm a sua Paris, a minha é do outro lado do rio , no Marais, perto da Places des Voges.
Nesta minha semana com Paris , estava sem  planos concretos, queria somente estar mais uma vez ali .
Cada dia , escolhia uma região e ficava andando, fotografando , sem pressa , sem direção, sem horas, sem norte, flanando a beira do Sena , as vezes sentado  a observar e absorver a cidade.
Visitei alguns museus e revi algumas obras de minha preferência como As Ninpheas de Monet no L’orangerie, mas o estar ali, sem necessidades de nada fazer , ficar horas sentados nos jardins, nas pontes, andar por andar , perdido e reencontrando lugares , paisagens foi um real estar comigo numa das cidades que mais amo.
Jantei como sempre no Julien, com sua decoração art-noveau e seu cardápio impecável. Passei horas descendo a rue du Faubourg-Saint –Honoré, ou na rue Montaigne, vendo as vitrines. Parei na Colette para comprar o meu perfume, comi os macarrons da La Durée . E não fiz nada , mas nada , além de estar em Paris e comigo.
Subi as escadas das Sacré-Coeur , visitei meu Santo Antônio, roubei as velas que lhe acendi, como aprendi com minha amiga.
Claro, que percebi a crise na cidade, no vazio das lojas, nos bistrôs, como descreve Danuza Leão, que hoje servem comida congelada.Nos artigos quase todos “made in China”, mas conservei meus sonhos. Não perdi a ilusão de dantes, e Paris continuou minha… eu como  sempre seu fiel amante  , como são todos que amam Paris… Lembro sempre do   final de Casablanca , quando Humphrey Bogart diz a Ingrid Bergman:- “We will always have Paris”, e há sempre uma esperança neste recorder, como uma luz no fim do tunel: - Haverá sempre Paris…
Sempre que acordava , abria a janela e sem ilusões, meus olhos vislumbravam no horizonte além do Sena e da Notre Dame ,o céu mais que azul donde nascia ao longe como uma música de um acordeon perdido , um sol dourado,  na cidade luz que já amanhecia resplandecente e iluminada…



Fotos:Fabricio Matheus

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