domingo, 3 de abril de 2011

ARQUITETURA E MODERNISMO NA VILA MARIANA


“Nao é a linha reta, dura e inflexível, feita pelo homem, que me atrai. O que me chama a atenção é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, nas margens dos seus rios, nas nuvens do céu e nas ondas do mar..”Oscar Niemeyer

A arquitetura moderna não fez parte, como se sabe da Semana de 22, marco da absorção antropofágica do Modernismo no país. Sua chegada deu-se um pouco adiante no tempo, pela mão de arquitetos , engenheiros e artistas como Gregori Warchavchik, Rino Levi, Lucio Costa , Flávio de Carvalho e Oscar Niemeyer, entre outros. Influênciados pela escola alemã da Bauhaus e por arquitetos europeus como Le Corbusier, que já em meados da década ou ínicio da seguinte quiseram adequar sua formação semi-acadêmica obtida na Europa ou no Brasil às práticas da modernidade estética.
Warchavchik é um caso especial dentro desse grupo de pioneiros , pois, formado na Ucrânia e na Itália, chega ao Brasil em 1923, já com um repertório moderno relativamente consolidado, antes portanto de seus colegas arquitetos brasileiros de fato, se terem a si próprios como modernos. Casado com Mina Klabin, sua proposta foi romper com os modelos arquitetônicos mais vigentes e adequá-los aos novos tempos,substituindo os ornamentos e enfeites por linhas simétricas e despojadas.
Desta forma, integra-se rapidamente , por meio de conhecidos e de sua extensa obra construída, de seus escritos e militância profissional ao grupo de intelectuais brasileiros que faria , nas décadas seguintes, da estética moderna na arquitetura, como na cultura em geral. Um fato do cotidiano, entranhado na vida das grandes metrópoles .
Na Vila Mariana, no quadrilátero que compreende da rua Berta à rua Santa Cruz é possível vivenciar este projeto de uma nova estética e arquitetura.
Na rua Berta está o Museu Lasar Segall, antiga residência e ateliê do artista; este lituano, que conheceu o “milagre da luz e cor” no Brasil. Um dos primeiros artistas modernos a expor no país. Participante ativo da semana de 22. Sua residência foi projetada em 1932 por Warchavchik, seu concunhado, que também projetou as casas da frente , que são próximas umas das outras. Retas , brancas com as janelas coloridas.
O Museu Lasar Segall, hoje é uma associação civil brasileira sem fins lucrativos, idealizado pela viúva do artista , Jenny Klabin, emérita tratutora de clássicos de Moliere à Goethe e seus filhos.Em 1985 foi incorporado à Fundação Nacional pró Memória, integrando hoje o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Ministério da Cultura, como unidade especial. O Museu Lasar Segall tem como principal objetivo conservar, pesquisar e divulgar a obra de Lasar Segall, possuindo acervo de cerca de três mil trabalhos do artista, doados por seus filhos e em cuja biblioteca Anatol Rosenfeld , abriga o acervo de um dos mais importantes críticos e teórico de teatro germano-brasileiro do país. Frequento sempre sua biblioteca, cuja dica foi me dada pelo diretor do TAPA: Eduardo Tolentino, onde é possível encontrar quase tudo de teatro brasileiro e mundial. Sou também sócio do museu o que me dá alguns privilégios como convites à exposições, cinema e descontos nos cursos frequentes que o museu oferece , xerox e compras. É uma região interessante do ponto de vista visual e cultural que deve ser conhecida, reconhecida e visitada.

OBS:Parte do texto foi retirado da curadoria de Mauro Claro da exposição da Casa Modernista.

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