É outono , e estou em Paris. A cidade parece um poema de Verlaine. Da minha janela vejo o Carré du Temple e o chão está coberto de folhas amarelas, douradas e molhadas. Chove fino e começo minha caminhada em busca de lembranças e novas descobertas. As ruas são cheias de histórias, na rue du Temple, paro num centro cultural , escola de artes, dança e teatro, no mesmo endereço onde Corneille, o criador do teatro francês, começou seu ofício em Paris. Ele escreveu tanto que hoje cornélien, é uma extenso adjetivo que significa a vez da vontade e do heroísmo, da força e da densidade literária, da grandeza da alma e da integridade e uma oposição irredutível aos pontos de vista.
Os museus fecham na terça-feira, e no meu caminho passo pelo Beaubourg onde têm uma exibição: A Subversão da Imagem. No Louvre está tendo uma exposição chamada Rivalidade em Veneza com os pintores Titiano, Tintoretto e Veronese e no Grand Palais uma retrospectiva do Renoir. Continuo pela rue de Rivoli. Na rue Saint Honoré, visito a Colette e compro meu perfume . Vejo as vitrines como uma exibição, as lojas estão vazias. Olho o quê está em cartaz nos cinemas.Já sei o quê se passa no teatro ... Atravesso a Plâce de Vendôme. Na Madeleine, paro na La Durée para comer um croissant e um macarron pistache.
Não chove mais e me sento no Jardin de Tullerie em frente a plâce de la Concorde. Do meu banco de metal verde avisto o Arco do Triunfo no fundo da Champs Elisées, a Tour Eiffel à minha esquerda...Vejo Paris inteira. Respiro profundamente uma sensação de liberdade e me aquieto lendo Joyce: Um retrato do artista quando jovem. Penso e constato : Não sou mais jovem, estou cansado .Mas as páginas me responde que todo artista têm uma alma jovem. A arte rejuvenece.
Estou em Paris , e os museus estão fechados e tenho só este dia em Paris. Caminho`a beira do Sena, e deixo o tempo me levar para o Marais, places de Vosges e a Bastille.
É outono em Paris, faz 22 graus e tenho só este dia e faço dele multiplicações e assim meu caminho de lembranças se enche cada vez mais de novas descobertas.
Á noite , só, no quarto do hotel, ainda com as luzes da noite parisiense no fundo da retina,volto-me a Joyce e como por sincronicidade ele me responde a pergunta do dia. Na página que parei, a próxima frase é escrita em latim: “ Tempora mutantur et nos mutamur in illis”, traduzindo : “As circunstâncias mudam e mudamos com elas” e adormeço sereno.
Fotos Fabricio Matheus
Fotos Fabricio Matheus
Que poético! Aproveite bastante sua viagem!
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