quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ANISH KAPOOR, FORMA E ESPAÇO NA ROYAL ACADEMY OF ARTS










A Royal Academy of Arts de Londres apresenta de setembro a dezembro de 2009 , a maior exposição individual do aclamado internacionalmente artista plástico indiano-britânico Anish Kapoor, um dos mais influentes escultores contemporâneo. O artista realizou em 2007 em São Paulo no CCBB, sua terceira mostra em terra brasilis.
Esta exposição faz uma retrospectiva de sua carreira com trabalhos antigos e novas criações, incluindo seus primeiros trabalhos com pigmentos e esculturas inspiradas nos pigmentos e esculturas dos mercados e templos indianos. Segundo o artista, o pigmento é um material físico que possui em si uma propriedade ilusória de cor. É matéria, e ao mesmo tempo parece que não é uma substância física. É algo que se espera acontecer.
Logo no espaço aberto do hall de entrada, nos deparamos com a enorme escultura Tall Tree and the Eye(2009)/A Grande Árvore e o Olhar, que consiste numa gigantesca árvore constituída de 76 bolas de metal argento polido que parecem flutuar no espaço, paradoxalmente sem peso, com a delicadeza de bolhas de sabão, refletindo e espelhando o espaço em torno conforme o movimento do espectador, imagens diversas se formam e se entrelaçam em diferentes formas e cores .
Dos trabalhos já expostos, destacam-se When I am Pregnant/Quando estou grávida(1992), em que uma bola tênue branca embaçada e desfocada emerge da superfície plana como uma barriga gestando. O Yellow/Amarelo (1999), um vasto horizonte monocromático plano, com formas subvertidas que se intercalam produzindo interfaces em diferentes tons da mesma cor, como os glaciares , por exemplo. Sugerindo uma imersão única em si mesmo sem espaço, na qual todo o campo visual seja preenchido pela singular experiência da cor.
Non-objects/Mirror?Espelhos(2009) é um seleto grupo de esculturas em espelho polido que refletem e distocem a imagem do espectador, proporcionando diferentes visões do eu, algumas produzindo sensações de vertigem, como se o eu do espectador debruçasse no abismo dele mesmo.
Shooting into the Corner/Tiro no Canto (2008/2009) é um trabalho complexo que constrói com a arte o drama da violência, com cores vermelhas que se espalham como sangue nas paredes e no chão da sala , como ato simbólico à violência humana da guerra.
Svayambh (2007), palavra do sânscrito que significa: Algo moldado pela sua própria energia, consiste num vasto bloco de cera vermelha de mais de 1,5 metros que se move quase imperceptivelmente ao longo de um trilho percorrendo duas galerias e atravessando portas, deixando suas marcas de vermelho dramático ao longo do caminho, nos arcos do prédio, à medida que se desgasta pelos contornos do espaço, como metáfora à memória e a história humana. A obra transforma o espaço e o espaço é transformado pela obra.
Hive (2009) é uma enorme escultura de metal , espremida em uma pequena área com alusão à genitália feminina.
Greyman Cries , Shaman Dies, Billowing Smoke, Beauty Evoked/Aumento do fumo e Beleza evocados(2008/2009) são montanhas construídas de estruturas cilindricas de cimento frio que preenchem toda uma galeria, como vermes, como proto-artefatos, reminiscência de formas arcaicas e ecos das formas geométricas dos trabalhos iniciais com pigmentos.
Slug (2009) inspirada na famosa escultura Lacoonte e seus filhos que influenciou toda a história da arte, feita em estrutura cilíndrica de mármore contorcido que evoca a força da serpente e termina numa elipse vulvar em esmalte vermelho brilhante em alusão a força monstruosa e a tensão entre repulsa e desejo.
A exposição de Anish Kapoor é uma experiência em que você é parte da obra. A obra de arte se torna arte quando em fusão com o espectador e o ambiente.É a mistura de um todo , que dá uma unidade ímpar ao objeto. Ao passar por suas esculturas de formas simples, curvas, monocromáticas não há como não interagir com as mesmas, com o espaço e com os outros a sua volta. A obra evoca uma participação ativa e dinâmica do público para tornar-se plena no seu espaço.
A exposição transforma o espectador , nos ensina pela vivência ao longo das salas percorridas a função da Arte para o Homem, sua importância. Não há como não sair modificado desta experiência em que você e a arte se complementam, se misturam e se transformam mutuamente como no horizonte monocromático em que uma cor exibe uma magnitude infinita dela mesma.

Mais informações:
www.royalacademy.org.uk

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Um comentário:

  1. Nossa! Deve ter sido uma experiência maravilhosa! Lembro da exposição dele em São Paulo e do sucesso que foi por aqui também.

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